Lago Noturno

É de noite, havia acabado de chover. O ar esta umido, ando sem rumo. Não posso voltar para casa, pelo menos não tão cedo. Minha mãe acabara de brigar comigo por ter gastado mais do que devia, mas só havia comprado os remedios dela.

Paro de andar quando me deparo com um bosque. Já havia estado ali, não lembro quando, nem com quem, mas definitivamente estive ali.

Me espremo entre as arvores, os galhos secos arranham minha pele.Perco um dos meus tenis ao pisar em alguma poça, tiro o outro tenis e o par de meias. Chego em uma area mais aberta do bosque, onde há um lago.

Sento na margem do rio e lavo meu pé que esta sangrando, por causa de uma caco de vidro. O barro entre meus dedos me traz uma lembrança escondida na minha memoria.

Meu pai me troxe aqui, mas antes era um lugar familiar, crianças correndo, jovens namorando, piqueniques acontecendo...E não um lugar abandonado.Lembro que naquela época minha familia era feliz... Até que meu pai morreu.

A lua cheia reluzente tira minha atenção, desvio o olhar e vejo o Henrique. O brilho da lua mostra com perfeição a silhueta dele.

Vejo os musculos definidos de seus braços refletidos na água, o uivo do vento passando por entre as arvores faz com que ele olhe em minha direção. Henrique vem até mim, com aquele sorriso debochado nos labios e o olhar brilhando mais do que a lua.

-O que você faz aqui, pequena?

-Não me chame desse jeito!

-Você se cortou?! Você tem algum problema não tem!? Não consegue fircar um dia sequer sem se machucar de alguma maneira.- A postura dominante dele me irrita. E dai, se eu me machuco muito? Isso não é da conta dele.- Quer ajuda?

-Não de você.- O sorriso dele aumenta e meu rosto continua frio como gelo.

-Não seja idiota! Mas se é assim que você quer, assim será. Ah! Lembre-se: que isso pode inflamar ou até...

-Se você me ajudar, vai calar a boca?

-Não prometo nada.- Idiota! Odeio ele desde criança, ele sempre me impurrava de um lado para o outro. Por isso sempre acabava voltando esfolada para casa.- Espere aqui! E não faça nenhuma besteira.

Ele vai até um arbusto e pega uma bolsa, dela ele tira uma camiseta, uma tesoura e um esprei, daqueles para aliviar a dor.

Não tiro os olhos dele. Como consegue ser tão irritante? Um cara rico, inteligente, otimas companias, e bonitão. E isso é o que me dá mais raiva. Caramba! Como ele consegue ser desse jeito? Ele leu o livro "Como ser gostozão sem fazer força" ? Ah! Aqueles olhos verdes piscina, e o cabelo negro como a noite, dedos finos e labios umidos.

E é por isso que o odeio, como alguem com uma personalidade tão pobre e despresivel poderia me atrair tanto.

-Perdeu alguma coisa aqui?- Sentou-se ao meu lado

-Meus pensamentos.- O que?! Isabela como você pode dizer isso? Você realmente perdeu alguma coisa, foi a razão e a vergonha na cara.

Ele corta um pedaço da camiseta e passa o remedio no meu corte.

-Ai! Seu bruto.

-Posso até ser bruto, mas você adora isso em mim.- O sorriso debochado dele voltou.-E alem do mais eu só estou te ajudando, então não reclama.

-Você só esqueçeu um detalhe. EU TE ODEIO!- Ele pega o pedaço de pano e o coloca em volta do meu pé, e o aperta.

-Ai!

-Calma, tinha que apertar, ou então não adiantaria nada.- Uma lagrima caiu dos meus olhos de dor.- Ei! Tudo bem? Fica calma Izzy já passou.- Ele realmente parece se importar mesmo comigo.

Meus olhos se encheram de lagrimas apos ele me chamar de Izzy, meu pai me chamava assim. Não choro mais pela dor, mas sim pelas lembraças do meu pai, e por tudo que sofri.

-Não me chame dessa maneira. Só o meu pai tem esse direito!-Grito com tristeza.

-Desculpe eu não sabia.- Ele me abraça contra o seu peito nu.- Vai ficar tudo bem, eu estou aqui.

-Isso não ajuda em nada.

-Da para você deixar o orgulho de lado?

-Desculpe.

Ficamos abraçados por muito tempo, olho meu reflexo na agua, nós pareciamos perfeitos juntos. O casal perfeito. Os olhos dele estão fechados e eu me sinto ainda mais segura.

-Você se incomoda de eu nadar um pouco? Ou então, não vou conseguir dormir.

-Por que?

-Só a agua consegue tirar meus pensamentos da pessoa que amo.

Meu estomago revirou, a pessoa que ele ama? Um ciume imenso toma conta de mim.Ele se levanta e megulha no lago

-Quem é?-Mantenho a calma

-Você! Trouxa.-Ele me pega pelo calcanhar e me puxa até ele.

A agua esta trincando, meus dentes batem uns contra os outros.Cruzo os braços em tentativa para esquantar meu corpo.Percebo que minha regata está transparente e meu sutiã a mostra, coro e abaixo a cabeça com a expectativa dele não ter visto.

- Eu te amo.-Ele diz aquelas tres palavras com tanta facilidade, mas tambem com tanta firmeza, que não há como duvidar.

Ele levanta o meu queixo e me da um delirante beijo.

-Eu te amo mais.

Isabela Carvalho
Enviado por Isabela Carvalho em 06/04/2011
Código do texto: T2893675
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