Nada é melhor que qualquer coisa, às vezes...

Porque vez ou outra é preciso um vazio que fique lá distendendo o espaço, onde caiba uma nova idéia, onde uma formiga possa se perder do transe e onde a noite deixe um feixe de luz da lua.

Vazio que grite mesmo o seu nada estonteante.

Onde pareça sustentar qualquer coisa.

Onde uma fuga do olhar nos tome e consuma e em seu nada nos absorva.

Detesto as bugigangas.

São como o céu carregado de nuvens negras ameaçando tempestades...

Paisagem carregada ou rebuscada de coisas amorfas, me sufocam com sua sobrecarga.

Gosto do espaço sóbrio, onde os vãos e desvãos me tomam pela mão e me arrancam do timão.

Não comando, flutuo sobres as vagas e divago sem réguas, sem medo do mergulho...

Me embrulho de espaço vazio e me torno o epicentro de mim e do vento e entro e saio de mim, sem visão de entulho, imagens e muros que limitam meu zoom.

Amo brincar com o vazio em que encho e esvazio de ilusão e afins.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 05/04/2011
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