Um outro carnaval é possível
Por: Valdeck Almeida de Jesus
Passei muitos anos correndo atrás do trio, caindo na folia. Com o advendo dos blocos cercados por corda, isolando os foliões que pagam dos que não podem bancar pra se divertir, fui ficando na calçada, olhando o carnaval passar…
Aos poucos fui perdendo espaço e vendo menos atrações. Os chamados “blocos de primeira” foram para o Circuito Barra-Ondina e o Circuito Dodô & Osmar se esvaziou: restaram apenas o povo e o poeta…
Em 2010 criei coragem e desembolsei uma fortuna pra me espremer em três camarotes diferentes: em frente ao Farol da Barra tomei muito sol na cara e assisti a concentração de trios e blocos; no camarote de uma cervejaria eu só via, de longe, o que passasse em frente, pois uma barreira humana tomou conta da grade e não desgrudou o tempo todo; em frente ao antigo Espanhol, eu tinha uma visão panorâmica, com péssimo serviço de bordo.
Agora em 2011 fugi pra Jequié, Conquista, Ilhéus, Upabuçu, Lagedo do Tabocal e Santo Amaro. Fui rever familiares, dormir, descansar, dormir, pensar, jogar conversa fora, relaxar. Em Ilhéus participei de um carnaval light, com menos cordas separando os foliões, com mais alegria e espontaneidade, menos violência e mais divertimento. Aproveitei também para me esbaldar na piscina da Estância Hidromineral de Tororomba, em Olivença e comer mariscos, bebericar uma cerveja e ficar alheio à folia soteropolitana.
Pra que me espremer nas calçadas, correr risco de tomar uma facada ou até mesmo de morrer se posso fugir da ganância exacerbada do carnaval privatizado da capital? Afinal, eu não queria ser parte dos 60,5% dos soteropolitanos literalmente presos em casa por falta de grana ou por medo da violência; muito menos eu estava a fim de virar estatística nas páginas policiais.
Enquanto o pão e o circo entretinham meia dúzia de foliões, a fome e a miséria absoluta reinavam soltas no interior baiano, como no exemplo desse vídeo: Família Carente do interior da Bahia
Por: Valdeck Almeida de Jesus
Passei muitos anos correndo atrás do trio, caindo na folia. Com o advendo dos blocos cercados por corda, isolando os foliões que pagam dos que não podem bancar pra se divertir, fui ficando na calçada, olhando o carnaval passar…
Aos poucos fui perdendo espaço e vendo menos atrações. Os chamados “blocos de primeira” foram para o Circuito Barra-Ondina e o Circuito Dodô & Osmar se esvaziou: restaram apenas o povo e o poeta…
Em 2010 criei coragem e desembolsei uma fortuna pra me espremer em três camarotes diferentes: em frente ao Farol da Barra tomei muito sol na cara e assisti a concentração de trios e blocos; no camarote de uma cervejaria eu só via, de longe, o que passasse em frente, pois uma barreira humana tomou conta da grade e não desgrudou o tempo todo; em frente ao antigo Espanhol, eu tinha uma visão panorâmica, com péssimo serviço de bordo.
Agora em 2011 fugi pra Jequié, Conquista, Ilhéus, Upabuçu, Lagedo do Tabocal e Santo Amaro. Fui rever familiares, dormir, descansar, dormir, pensar, jogar conversa fora, relaxar. Em Ilhéus participei de um carnaval light, com menos cordas separando os foliões, com mais alegria e espontaneidade, menos violência e mais divertimento. Aproveitei também para me esbaldar na piscina da Estância Hidromineral de Tororomba, em Olivença e comer mariscos, bebericar uma cerveja e ficar alheio à folia soteropolitana.
Pra que me espremer nas calçadas, correr risco de tomar uma facada ou até mesmo de morrer se posso fugir da ganância exacerbada do carnaval privatizado da capital? Afinal, eu não queria ser parte dos 60,5% dos soteropolitanos literalmente presos em casa por falta de grana ou por medo da violência; muito menos eu estava a fim de virar estatística nas páginas policiais.
Enquanto o pão e o circo entretinham meia dúzia de foliões, a fome e a miséria absoluta reinavam soltas no interior baiano, como no exemplo desse vídeo: Família Carente do interior da Bahia