Diga NÃO ao voto marginalizado
Como brasileiro convicto e com formação acadêmica em andamento, não pude ignorar o fato de que a nossa política está sendo banalizada. Seria hipocrisia de minha parte achar divertido um palhaço com indícios de analfabetismo, ter sido o deputado eleito com mais de um milhão de votos. Como também seria hipocrisia ignorar o fato de que candidatos fichas sujas continuam sendo eleitos. Muitos protestam e dizem que pelo menos o “tal palhaço” é sincero, diferente dos “outros palhaços”, que mentem, usam terno e gravata e desviam dinheiro público em compra de apoios partidários ou para bancos suíços. Mais exemplos rasteiros não me faltam para acrescentar aqui, porém escrevo esse texto como um sinal de alerta. A questão aqui não é quem rouba mais ou quem rouba menos, mas sim o que estamos fazendo com o nosso voto.
Há uma pertinente reportagem da “Revista época”, que prova de maneira clara e objetiva que não só a população humilde carece de informação, mas aquelas que têm um pouco mais de instrução, também. Através de uma pesquisa levantada pelo Ibope, muitas pessoas têm visões um tanto “equivocadas” sobre a função do deputado federal. Como se sabe, este vota em criações ou reforma de leis e fiscaliza o governo federal. Analisando numericamente os equívocos, a revista traz as seguintes porcentagens: 75% dos eleitores que acreditam que um deputado deve realizar obras para a população, 61% acreditam que um deputado deve ajudar seus aliados de campanha em negócios de governo, 58% acreditam que um deputado deve ajudar seus eleitores a conseguir emprego e por fim, 59% de eleitores acham que um deputado deve promover eventos sociais e de lazer. (Revista Época, 27/09/2010, p. 70).
Esses dados são retratos da falta de conscientização política, e o voto é o único instrumento que usado que demarca isso. Na época que nossos pais estudavam o ensino escolar também era voltado para a educação moral e cívica, que era ensinado as instituições políticas de nosso país e as funções de cada uma. Isso sem contar que o hino nacional era bastante proclamado. Como hoje há insuficientes preocupações com civismo e patriotismo, as grandes maiorias dos políticos conseguem se eleger através de propostas absurdas que não são pertinentes às suas funções políticas, somadas com a apatia coletiva que vem após as eleições. Fruto de uma simples falta de conhecimento.
Não quero, particularmente, ser do Brasil que tem como um de seus representantes, um palhaço totalmente despreparado. Não tenho nada contra o Tiririca, mas um cargo de responsabilidades que ajuda a resolver o destino de uma nação inteira, não é para ele. Sua função é divertir as pessoas, erradicando toda a forma de baixo-astral. Ele é mais do que a nova cara do congresso, é o retrato fiel da política banalizada, onde as pessoas perderam o otimismo e o respeito em relação ao voto. E o nosso país? Fica com o estigma onde “tudo é possível”, mesmo sem ter um preparo, uma bagagem. Quem tem sentimento de patriotismo não chega a esse ponto. Ser patriota não apenas em época de copa e olimpíada, mas amar o Brasil mesmo tendo provas de que esse amor às vezes é traiçoeiro. É, caros leitores, ser um patriota de verdade é uma missão difícil. Achar que a política pode ser uma instituição honesta, também é. Mas é necessário deixar os preconceitos que foram construídos em torno disso e voltar vossos lhos para a conscientização política.
Só o nosso voto é que irá decidir o futuro desse país. É necessário ler, assistir e analisar de forma crítica as propostas de cada candidato e eliminar aqueles que erraram feio com o povo. A popularidade de um candidato é um grande mal. Isso faz com que os eleitores se recusem a dialogar, conhecer a fundo e criticar. Merecemos um país onde seu pleno desenvolvimento seja feito por parte de governantes capacitados e ficha limpa, e não por Tiriricas e afins. Portanto, para que haja uma política consistente e limpa, tem que começar pela instrução do próprio eleitorado.