Visão do futuro
Olho aquele homem sentado na varanda se sua casa, que assim como ele, já não é mais a mesma, está velha e esquecida de cuidados e atenção.
Vejo que já vivenciou grandes experiencias. De certo, deve ter construído muitas coisas, assim como deve ter destruído também.
O vejo sentado observando o mundo, com olhos de pureza e inocência, como se não conhecesse o que há além de sua janela. De certo, deve ter vivido grandes amores, e sofrido grandes desilusões.
Olhando pra ele, dá a impressão de que está abandonado, e me faz pensar, a quantos ele abandonou, quantos sonhos ele deixou pra trás.
Toda manhã, em cada dia frio ou chuvoso, lá está ele, olhando da varanda, como se procurasse alguém que lhe desse atenção e lhe fizesse companhia.
Mas o que me assusta neste homem, é o fato de ver que alguém de oitenta anos, que deveria ter sua casa rodeada de crianças, filhos, netos, e deveria contar a eles historia de lutas, vitórias, perdas, amores e lições, hoje está só, não tem ninguém. Talvez fosse um homem muito ocupado, e não tivesse tido tempo, tempo pra amar, constituir família, e amigos, e construir a história que contaria hoje, pra uma jovem como eu, que agora olhando pra ele, vê que a vida é uma só e curta de mais, por isso, não quero ficar assim só, colecionando ilusão, esperando sentado que a vida me sorria, ou que a morte me faça repousar. Não quero chegar aos oitenta anos me sentindo limitada,me lamentando, por ter deixado as oportunidades passarem, por não ter vivido os grandes amores. Não quero chegar ai com arrependimentos, sem saudades, sem ambição, sem amor próprio e do próximo. Não quero viver perdendo tempo, para que em todo tempo, eu tenha muito o que viver.
08/04/2006