Algarismos humanos

Somos cercados por números; são datas, preços, medidas, as horas que controlam nossos afazeres, contas, telefone, salário mínimo... Nossa vida está toda numerada. Mas, esta reflexão vai além da ideia básica de números as quais estamos acostumados. Isso porque, nos tornamos também, algarismos. Um exemplo disto pode ser retirado de uma frase muita dita neste ano que passou: “Somos cerca de 190 milhões de brasileiros”. Uma frase que seria ainda mais impactante, caso fosse levado em consideração que cada um desses “190 milhões” é um sujeito social, cultural e principalmente histórico.

Somos vistos por grande parte da sociedade, não pelo o que vivemos, nem simplesmente por quem somos, mas pelo o que temos, ou melhor, pelo o “quanto” temos; o quanto ganhamos, o quanto gastamos, o quanto investimos... Quanto custam suas roupas? E sua casa? E até mesmo você, qual o seu preço? É assim que geralmente somos vistos, apenas números. E quando se é pobre, então... Vira-se apenas estatística: “Quase 30 milhões de pessoas ingressaram na nova classe média”. Outra citação de grande repercussão que aponta precisamente o reflexo do que nos tornamos.

É pena que o nosso valor não seja moral. É pena que a vida ainda tenha preço...