O ensino de Artes
O Brasil é caracterizado pela difusão de diferentes culturas que por aqui chegaram, ficaram ou se foram deixando suas influências, que foram incorporadas com um “tempero” nitidamente brasileiro, tornando-se a nossa cultura; cultura essa rica em diversidade, aonde em um só país podemos encontrar características tão singulares e influências diversas de muitos povos, com um toque de Brasil que tornam a cultura e a produção artística brasileira reconhecível em toda parte, revelando a identidade cultural brasileira, como um cartão postal de seu povo.
Mas nem sempre arte foi valorizada, durante muito tempo a arte era vista como estato de luxo,na ostentação de poder de uma pequena camada privilegiada.
Seu ensino destinava-se a copiar, reproduzindo com precisão técnica, visando a preparação para a vida profissional.Com a escola Nova, com intuito de centralizar o ensino no aluno, sendo mal interpretado, o ensino acaba por se basear no deixar fazer por fazer, que pouco acrescentava ao aluno, com a lei nº5.892, cria-se o componente curricular Educação Artística, que durante muito tempo foi confundida como atividade de decoração, data comemorativa e milhares de desenhos mimeografados e músicas decoradas; somente com a LDB de 96 o ensino de arte ganha uma maior importância, constituindo componente curricular obrigatório, não mais sendo vista como uma atividade, mas sim como uma disciplina com conteúdos próprios ligados a cultura artística, mudando também a nomenclatura para Arte, tentando deixar pra trás a forma pejorativa já associada a educação artística, com o intuito de articular a criação/ produção, percepção/ analise e o conhecimento da produção artístico estética da humanidade.
Arte também é uma forma de linguagem e como tal, necessita que o aluno seja alfabetizado, que conheça, interprete e compreenda os seus signos, a fim de operar os seus códigos, tendo uma grande importância como forma de linguagem. Ao observarmos uma obra...Ao apreciarmos, fazemos um contato inicial, relacionando e despertando a nossa imaginação, através da associação obra/ repertório pessoal, muitas vezes despertando sensações e percepções diante da obra. Outro ponto importante a ser citado é a importância de não encarar Arte e sua produção como uma copia da realidade, de forma reprodutiva, mas sim como uma criação de algo novo ou uma representação simbólica de objetos e idéias. As autoras do livro “Didática do ensino de arte”, ainda citam o caráter da mimese que faz analogias e não duplica os objetos, ressaltando que cada criador faz a sua representação, selecionando e recortando alguns elementos que quer destacar, excluindo o que ignora, fazendo escolhas. Realizando os recortes com base nas referencias pessoais em relação ao objeto, tendo modelos internos utilizados na criação.
A linguagem artística procura sempre novos modos de representações tendo apoio das novas tecnologias que auxiliam e exigem uma nova sensibilidade no olhar, como no caso da fotografia e da mídia, entre outros. Deve-se lembrar que a obra de arte não é solitária, necessita da interação artista/ obra/ público, é nela que encontramos elementos para a sua interpretação, nos orientando e nos levando a múltiplas interpretações, já que é algo subjetivo.
A linguagem artística esta presente desde antes mesmo da escrita; na pré- história o homem um ser sensível, já criava o seu mundo de imagens, desenhando não apenas o visível, mas também o que não se ver, manifestando a capacidade inventiva e criadora do homem e seu desejo de compreender e interpretar através dos símbolos, criando aos poucos os sistemas de representação que após evoluções nos direciona e nos torna consciente da realidade. Essa representação depende do reconhecimento dos signos na tradução do significado, necessitando relacionar as referencias culturais e pessoais, para que o signo seja interpretado e traduzido em pensamento.
A arte é uma criação de linguagens que podem ser cênicas, visual, musical, de dança, entre outras, com o intuito de fazer o ser humano refletir sobre a sua existência, unindo coração e mente, propondo um dialogo sensível entre o individuo, a imaginação e os sentimentos, fazendo metáforas e analogias, nos levando a comparar e impulsionar a nossa emoção a partir das nossas memórias pessoais e culturais, articulando experiência/ repertorio com os códigos da linguagem artística, apresentando obras que nos emocionam não apenas pelo assunto, mas pela forma criada para expressá-lo.
Deve-se ressaltar que cabe ao professor estimular e valorizar o estilo pessoal de cada aluno em seu fazer artístico, sem impor uma copia da realidade, seguindo um modelo padrão, que se torna sem significado para o aluno, pois assim como o interpretar é subjetivo, o fazer também é subjetivo.Esse caráter subjetivo é que faz a obra tornar-se intemporal, mantendo se em termos de significados, por causa das infinitas interpretações feitas em diferentes épocas, mas temporal no sentido de conservação física, pois a obra vai se alterando e até mesmo se perdendo com o passar dos anos.