Eu Zumbi Filho
Não é fácil começar, porém, tudo tem de ter um começo.
Minha história não sei bem. Meu sobrenome de regristro de nascimento, Camargo, segundo pesquisa tal, tem origem espanhola. Pra mim, não tendo uma explicação pro que sou, de onde vim, é como se um buraco estivesse aberto, uma história sem chão, sem base. Foi pensando nisto que realizei meu TCC na faculdade referente aos cultos afros e origens. O desânimo foi grande devido a documentos fraudados, com falta de registros, cheios de observações deturpadas que limitei ainda mais o tema e, parei com o mesmo não dando tanta importância quanto deveria - me desculpem ancestrais.
Conheci uma Ong Afro quando voltei pra Concórdia-SC e, pela sua representatividade - independentemente de seus pontos positivos ou negativos -, decidi participar mais tarde, efetivamente. Este ano de 2010, ingressei na mesma e hoje sou presidente da também chamada, OSCIP Ventre Livre. Nesta estou me dedicando muito para promover o que contempla seu estatuto e, além da igualdade racial, a valorização do afro, sua identidade, cultura e história.
Segundo Marx, somos o resultado do nosso meio e seu processo histórico. A francesa Simone de Bouvoier comenta que nos tornamos algo ou alguém. Enfim, devo deduzir que trazemos em nosso bojo preconceitos, distorções, a cerca do que somos e dos outros. Pois buscamos justificar de maneira natural, segundo Schopenhauer, Hobbes, Maquiavel, Jean-Paul Sarte, entre outros, a nossa superioridade ou poder. Logo, devido ao meu meio cultural, o que sou e a história afro - que só recentemente, graças as políticas públicas -, passam a ter relevância ou importância. Isto justifica minha sede e anseio de buscar e justicifar o que sou, mas nunca permanecer igual - é o que diria Heráclito. Não quero propriamente justificar o que sou, mas entender e me fazer melhor.
Pela indicação de uma grande amigo, escritor, Agenor Carvalho Junior, me cadastrei neste site - Recanto da Letras. Com ele quero ser o que não fui, o que sou e o que pretendo ser, melhorando a cada tempo e espaço.
Portanto, Eu, Zumbi Filho, nasci. Nasci daquele que pouco conheço e quero melhor conhecer, Zumbi dos Palmares. Que foi criado por um padre que o batizou de Francisco. Símbolo de luta pela liberdade, tolerância religiosa, à manifestação cultural, organização popular. À sua figura e importância, meu nome.