Eu também sei escrever cartas de Amor.
Sim, eu também sei escrever cartas de amor, mas é que eu prefiro você cara a cara. Prefiro você comigo, sem pudor, sem pensar, respondendo apenas no modo mais natural que há. Sei que não parece tão bom quanto Drummond, nem tão curioso quanto Bandeira, mas não sou poeta, não consigo unir as palavras certas em estrofes, não sou poesia, sou prosa. Eu não entendo o significado das palavras difíceis, não sou um enigma, sou um labirinto. Eu te vejo todos os dias e penso em você de modo diferente, sempre dentro do contexto que é o amor.
Confesso todos os meus defeitos, mas o belo da vida não é a perfeição. Eu te amo por que respeito nossas diferenças, por que te acompanho na sua dieta de saladas e depois como minhas besteiras escondidas e sei que você sabe disso. Eu não sou perfeito, mas me esforço pra ser feliz. Não te entendo, mas te conquisto, eu não sou música, mas te ensinei a dançar, não sou seu sonho, sou a realidade. Eu brigo, fico emburrado, triste, preciso de um tempo só, mas isso é tão passageiro se comparado ao tempo que prefiro estar ao seu lado. Não! Eu não sou sentimental, mas sei escrever uma carta de amor. Se as coisas não se encaixarem em alguns momentos, então é porque teremos que lapidar até dar certo. Eu sempre serei branquinho e ficarei vermelho se não passar protetor solar, mas não é pelo fato de você estar sempre bronzeada que sua pele não queima. Nós não somos almas gêmeas, somos apenas parte de um elo que é algo imensurável, ainda misterioso e muito verdadeiro. Nós somos o que há de mais confuso e o que há de mais simples. Um paradoxo infinito e que precisam estar lado a lado para fazer sentido. Sim, eu pensava que saberia escrever uma carta de amor, mas eu só consigo pensar na sua reação quando terminar de ler essa carta colada na porta, entrar no quarto e deixar que eu te diga – do meu jeito – cara a cara que eu te amo.