Tristeza

Têm dias que a vida se torna pior, difícil de ser encarada de frente.

Os problemas surgem de roldão, nos jogando no chão, nos pisando as costas para sequer consigamos tentar ficar de pé.

Os olhos parecem bicas salgadas, de onde as lágrimas teimam em cair, numa constante enchurrada.

O coração acelerado, parece que não quer mais ficar dentro do peito, pula, sobressalta e aquieta-se, em alternãncias tão rápidas que parece que vai mesmo parar.

Seria até melhor que parasse mesmo.

Que tudo parasse.

Que o mundo sumisse, que tudo acabasse.

Que a vida se fosse num sopro, como chegou.

Têm horas que realmente seria melhor que a vida se esvaísse como um sopro do vento... que simplesmente desaparecesse, esgotasse, acabasse.

Assim, talvez, numa outra dimensão, eu pudesse reencontrar meus verdadeiros irmãos, prontos a me oferecerem a caridade veradeira, a compreensão necessária, o ombro pra chorar, o entendimento de minhas faltas, o por que de minhas tristezas.

Vida amarga, amargo fel... Insensibilidade... Falta de caridade.

Não acredito em felicidade, mas em um mundo de cooperação onde possamos fazer apenas o bem, sem nos preocuparmos em apontar os defeitos no outro.

Minha vida... minha? Nada! Vida emprestada, corpo emprestado, que me faria muito gosto poder devolver a seu dono, se ele a quisesse de volta!

Preciso continuar, enquanto não chega a hora de devolver minha morada carnal...

Que eu tenha forças e coragem suficiente para continuar tropeçando, caindo e levantando, até que não seja mais preciso nada disso...

Cláudia Marques
Enviado por Cláudia Marques em 13/10/2006
Código do texto: T263851
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