DIETA DA MINHA MÃE, castigo meu...
Minha mãe me preparava galinha assada, sempre que eu me comportava bem.
Ainda bem, não gostava de galinha mesmo, muito menos, assada. Mas minha
mãe tinha lá suas armas, primeiro porque eu não sabia cozinhar e
mesmo que eu soubesse, ela não deixaria. Assim, se por um lado, eu
não me preocupava com a galinha assada, já que não era dos mais
comportados, por outro, não era só de galinha que eu não
gostava, e minha mãe, da mesma forma, desconhecia minha repulsa pela
galinha, mas conhecia e muito, o verdadeiro pavor que eu tinha pelo jiló.
Cheguei a pedir para ela me colocar de castigo por uns finais de
semana em vez de me preparar o maldito jiló, mas ai é que eu virava
passarinho mesmo. Recordo-me que, num final de semana desses da vida,
receberíamos um casal muito amigo do meu pai, que ha muito ele
não. Bem, eu tinha chegado uns dias antes, quase pela manhã em
casa, meu pai até que não ligou muito, mas minha mãe, coitada,
ficara acordada me esperando. Bem, não preciso dizer que no tal
almoço aos amigos, qual foi o prato preparado pela minha progenitora,
especialmente para o filho querido, já que para as visitas, um belo peixe
assado comporia o cardápio principal. Mesmo sendo merecido o castigo,
dessa vez a sorte veio me salvar. Foi minha mãe colocar meu prato (já
devidamente preparado, para que eu não pudesse escapar do castigo) e a
esposa do amigo da minha mãe exclamar: Não acredito, eu e o Armando
adoramos jiló! Pois bem, entrei na conversa, sem a menor
educação, dei os meus para ela provar, mesmo sob os olhares de
“pelotão de fuzilamento” da minha mãe. Peguei o peixe do
marido dela em troca de mais jiló e acabei transformando o almoço em
uma reunião pra lá de informal, ou seria uma bagunça formal?
Seja como for, minha mãe me preparou peixe por um mês inteiro...
Depois disso, passei a gostar do maldito jiló.