Uma bela tarde
A tarde estava realmente especial, havia ameaça de chuva, mas nada pôde acontecer, não deixaríamos. Tinha que haver uma bela tarde para que pudéssemos aproveitar; e mesmo as atividades iniciais não tendo dado muito certo, tudo acabou em perfeita harmonia, simplicidade e alegria.
Agora são 16h e alguma coisa, perdi um pouco a noção do tempo, o vento não é mais sensível, sua força estende-se além do horizonte, contornando a bainha das folhas suspensas nas árvores. Estou sentada em uma mesa toalha cor de abobora, dentro de mim brilha uma luz invisível ao observar os vários grupos que se formam ao meu redor.
Na minha frente um pessoal brinca com folhas de papel na testa, não entendo muito bem as regras do jogo, mas ouço as risadas abafadas e de repente uma escandalosa se sobressai,dou risada junto, que gostoso, que saudável!
Do meu lado esquerdo minha irmão juntamente com outras garotas e um guri jogam pictureka, um jogo de baralho divertido e diferente de qualquer um que conhecemos... como se divertem! As risadas são altas, algumas discussões e ironias, mas a horas elas se divertem como crianças perante um brinquedo novo ganho no Natal.
De repente a música para, desde o começo da manha ate agora imperava um som de instrumentos melodiosos: bateria, teclado, dois violões e um baixo fazem o barulho harmonioso da tarde. Agora eles se cansaram, houve anuncio do futebol e do vôlei, todos sumiram, consigo ver alguns no campo.
Um cheiro a domina o ar, as mulheres na cozinha fazem bolos e confeitam deliciosos quitutes cheirosos... ai que fome! As lembranças da infância surgem na memória como que tomadas por um ímpeto de nostalgia. O cheiro é levado a todo canto pelo vento refrescante que bate em nossas deixas.
Me pego sonhando naqueles tempos, embalada numa viagem sem volta, quando surge atrás de mim alguém que me fecha os olhos com grande carinho, quem será este moço encantador, do toque suave e tão doce aroma? Ele então me pergunta se não reconheço o seu cheiro. Paro um pouco e busco minha memória olfativa... lembro-me! Como esquecer? - eu respondo. Ele dá um sorriso, tão belo e intenso que enche o meu coração.
As vezes na minha intercepção, um tanto concentrada nas palavras, uma grande amiga surge ao meu lado: _ O que você está fazendo? – pergunta ela com um sorriso no rosto. _ Estou escrevendo, respondo, retratando o agora. Leio um pedaço pra ela, me derreto com sua risada empolgante. _ Vou voltar lá pra traz – ela diz – Estamos deitadas no sol, venha! _ Já vou, eu respondo, agora tenho que continuar a escrever, porque isso me pertence e o momento não pára.
Sons, vozes, é possível discernir todas as conversas se prestarmos a atenção. Hoje ninguém se resguarda, todos estão felizes, sem compromissos... o dia corre solto, lindo, leve... não há palavras passíveis de descrever a beleza e serenidade dessas horas.
Agora eu vou, tomada pelo ímpeto de fotografar, registrar esse momento de outra forma, agora com imagens. Mas aqui, neste registro ficou guardado um grande momento, um momento em que parei, parei para admirar as belezas de uma tarde, uma bela tarde.