A ALMA INFANTE DO POETA

Os poetas são os primeiros a perceberem porque eles têm olhos diferentes. Por isto eles vêem as coisas ao contrario; poesia é algo totalmente contrario á razão. Não é coisa do pensamento, é coisa da visão. Pois, poesia não se explica. Se precisar é porque foi colocada no lugar errado, no lugar onde moram os pensamentos.

Um poema não é para ser pensado com a cabeça, mas é para ser visto com os olhos. Os poetas têm olhos diferentes, conseqüentemente vêem diferente. Como as crianças, cuja verdade é oposta a dos adultos. Os adultos pensam que as crianças não sabem nada, por isto querem ser professores das crianças - ser criança é o ponto de partida e o adulto o de chegada.

Os adultos andam para frente, progridem, evoluem. Os poetas sabem que a alma não deseja ir para frente, porque ela é movida pela saudade. A saudade não deseja ir para frente, mas voltar para casa.

Andar para frente pode ser um erro enorme, pois disse Eliot que “numa terra de fugitivos, aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo”. Assim, andam para frente e ficam cada vez mais longe. Adultos andam para frente.

Os poetas parecem andar para trás, os adultos dizem que eles estão fugindo... Como os piaus do Amazonas que sobem para os lugares onde nasceram na época da piracema, os poetas desejam sempre voltar às origens. É lá que mora a Verdade que os adultos esqueceram. Os poetas, como as crianças procuram reencontrar a simplicidade da infância. Como queria dizer certo poeta quando escreveu que “ao final de nossa longa exploração, chegamos finalmente ao lugar onde partimos e o conheceremos pela primeira vez”.

Quando os adultos nos ensinam nos tornamos cientistas e a arte de dominar o mundo. Quando as crianças nos ensinam, igual aos poetas, aprendemos a arte de viver.

Beto Lisboa
Enviado por Beto Lisboa em 07/10/2010
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