Historieta: A arte de educar... (Capitulo XVII)
Ana apesar de assustada com os acontecimentos percebeu que as crianças continuavam tranqüilas e então ligou para Armando e para seu esposo.
_ Ligia o que houve?
_ Aquele menino que você trouxe aqui só pode ser o meu filho, onde estão as fotos? Perguntou Ligia.
_ Aqui! Disse Ana tirando-as da bolsa e mostrando-as a Ligia, que chorava sem parar.
_ É ele! Ele é o pai! Não acredito que todo esse tempo ele esteve com o pai. E eu estive procurando-o sem descanso. Por que ele fez isso comigo?
_ Eu não conheço a sua versão da história, mas acredito que Armando acreditou todo esse tempo que você não quis criar o filho de vocês.
_ Eu lhe escrevi falando da possibilidade dele ser pai e ele me respondeu que ainda não era hora, eu me desesperei, minha mãe não estava comigo e eu estava só, então não pude ficar com ele, eu tive medo, mas depois que minha mãe chegou eu fui buscá-lo, mas ele não estava mais lá e eu tinha perdido minha chance de ser muito feliz ao lado de meu filho e de minha mãe.
_ Então você ficou achando que ele não queria o filho e ele pensou a mesma coisa de você.
_ É! Ele criou bem, não foi? Como vou conquistar o amor de meu filho agora que ele sabe que eu o deixei? Meu Deus o que vou fazer?
Armando ouvia a tudo sem conseguir dizer uma só palavra, chegou no inicio da conversa e sentindo vontade saber o porque parou e se deixou ficar ali observando e ouvindo, entendendo agora o que se passara ele também chorava.
Seu choro foi ouvido por ambas as mulheres presentes naquela sala.
E Ligia também compreendendo as razões de seus sofrimentos e vendo o antigo companheiro diante de si ficou parada diante dele sem pronunciar uma palavra, só as lágrimas expressavam suas dores, elas eram um relato vivo de suas angustias e questionamentos íntimos.
Armando então falou:
_ Eu não podia imaginar que você o amasse, nunca passou pela minha cabeça que você o queria... Sempre fiquei imaginando por que você não me contou... Tudo teria sido tão diferente... Eu jamais a abandonaria... Depois que eu voltei de viagem fui te procurar como havíamos combinado... Mas você não morava mais lá... Fiquei sem noticias, escrevi inúmeras cartas que foram todas devolvidas... Acreditei que tinha me abandonado, mas qual não foi minha surpresa ao saber que você havia deixado um menino no abrigo e que ele tinha a mesma marca que eu... Quando minha tia avisou fui pra lá imediatamente... Fiz exames, ele era meu... E você também o deixará... Acreditei que algo havia acontecido que você não estava bem, mas quando descobri que ele tinha a síndrome deduzi que você não queria problema, como ele era meu filho e fora a própria mãe que o deixara todos mantiveram sigilo sobre o nosso paradeiro...
_ Não acredito que tudo isso poderia ter sido diferente... Quando recebi aquela carta, onde você dizia que era preciso esperar para termos filhos... Eu me desesperei... Eu não podia esperar, pois o nosso filho já estava a caminho... Eu enfrentei muita coisa sozinha, estava estudando, ia ser mãe, não tinha emprego, minha mãe mandava o dinheiro das coisas básicas, ninguém queria me empregar, tive medo de dizer a minha mãe... Mudei-me de casa para ficar longe das vistas dos que me conheciam... Tive o bebê sozinha... Deixei-o no abrigo, não tive forças para enfrentar a aquela realidade... Ele tinha algo que me apavorou, então minha mãe veio me ver... Contei tudo e ela me disse que cuidaria de nós... Que poderíamos voltar a nossa antiga cidade... Então fomos juntas buscar meu filho, mas ele não estava lá... Não voltamos... Minha mãe comprou casa aqui... E passamos a viver em busca constante... Você nunca poderá imaginar a dor que sinto por tudo que eu decidi...
Armando chorava e quem ouvia a narrativa chorava também, Ana estava com os olhos vermelhos e sua atenção só era divida com Deus a quem rogava amparo para aquelas pessoas.
Armando se aproximou e abraçou Ligia que se deixou quedar em seus braços dizendo:
_ Ele nunca vai me perdoar, não é?
_ Ele vai sim! Pois ele ainda não aprendeu a odiar e eu tenho certeza que você não vai querer ensinar isso a ele. Disse Armando a segurando em seus braços.
Ligia irrompera em choro convulsivo e doloroso. Diante da generosidade de Armando ela percebia o tamanho de seu engano.
_ Eu não posso viver sem ele! Disse Armando abraçando-a e misturando suas lágrimas as dela.
_ Eu também não. Afirmou Ligia.
_ Então teremos que encontrar um meio termo, certo?
Balançou a cabeça de forma afirmativa.
A policia foi dispensada e os seguranças também.
Os meninos ao saírem e verem todos com aqueles olhos vermelhos.
Falaram quase que ao mesmo tempo:
_ Vamos beijá-los.
E distribuíram beijos a todos.
_ Essa que é a moça bonita que eu te falei. Disse Gustavo para Carlinhos apontando Ligia.
_ Eu posso ser seu namorado? Perguntou Carlinhos a Ligia.
Que balançou a cabeça chorando.
_ Então não chora! Disse ele franzindo o rosto.
Todos teriam rido se não fossem as emoções ali vividas.
Continua...