Mulas Humanas : vidas interrompidas.

Minhas impressões pessoais sobre a palestra ministrada, no Cine Xin em 19/08/2010, pelo Dr. Manoel Francisco de Campos Neto “ Mulas Humanas na Cidade de Cáceres -MT”.

A palestra do Dr. Manoel Francisco de Campos Neto pode ser resumida em uma frase: Faz-se necessário olhar e agir ativamente para o problema chamado drogas.

Foi uma palestra impactante. As informações que ele nos mostrou, segundo pesquisa que o mesmo desenvolve, evidencia o nível de desconhecimento que temos quando o tema são mulas humanas e as implicações do álcool na nossa vida, e principalmente no trânsito.

Sempre quando vemos alguém falar sobre mulas humanas pensamos em pessoas que carregam no estômago cápsulas [por vezes tão grandes que nos faz pensar como conseguiram engoli-las] de cocaína. Mas não é só isso. Segundo o pesquisador, mulas humanas são todas aquelas pessoas, que, de alguma forma, trazem presa ao corpo, droga, entorpecente. Alguns ingerem essas drogas [e passam a correr grave risco de vida e, muitos realmente, vem a óbito por overdose]. Outros, introduzem, em seu corpo, através dos orifícios [vagina, ânus] quantidades - incrivelmente absurdas - desse material. A circunferência e o comprimento dos volumes assusta.

O Dr. Manoel desenvolve essa pesquisa – importantíssima – no Hospital Regional de Cáceres e o foco de sua pesquisa são as imagens em raio-x e as imagens de tomografia computadorizada. Seu interesse sobre o tema é devido à sua formação: médico traumatologista, e, por ser perito da Polícia Federal.

O autor da pesquisa percebeu que depois de algum tempo as mulas se 'especializaram' no tráfico, de tal forma, que passaram a envolver o entorpecente [cocaína] em filme de PVC, aquele utilizado em cozinha, e este não pode ser visualizado através de raio-x. Por isso a pesquisa do Dr. Manoel também se estende às imagens tomográficas, desta forma as cápsulas podem ser visualizadas com uma nitidez incrível.

É triste ver as pessoas se arriscando desta maneira. Ganham aproximadamente duzentos dólares por quilo de cocaína [pura] entregue. Correm risco de morrer, de serem pegos. Podem ser mortos pelo tráfico, ou acabar numa prisão, ter a vida interrompida. O mais triste ainda é saber que quem ganha mesmo é o traficante. Segundo dados da pesquisa do Dr. Manoel, um quilo de cocaína pura rende 60 mil reais para o dono do entorpecente. Um médico, em início de carreira, ganha pouco mais que isso por ano, trabalhando na rede de saúde pública.

O que então podemos fazer? Educar. Educar é a única saída. Educar nossos filhos, movimentar nossa comunidade, agir de forma pro-ativa em prol do bem comum. Se cada um de nós fizer um pequena parte que seja, já será de grande valia. Porque como as coisas ruins conseguem ser disseminadas, as boas também conseguem. Depende de nós. Temos que abrir os olhos pra esse problema tão degradante, que quando menos se espera, está aliciando pessoas, dentro das nossas próprias casas.

Milena Campello
Enviado por Milena Campello em 04/09/2010
Reeditado em 06/09/2010
Código do texto: T2477614
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