MINHA CASA, MEU MUNDO
Chagaspires.
A fotografia retrata uma casa de bloco mal rebocada, coberta com telha de argila, e com porta e janela.
Na porta, uma jovem aparentando uns 14 ou 15 anos, traz nos braços uma criança tendo ao seu lado esquerdo o rosto de outra criança, todos olhando para fora.
Na janela uma senhora de idade mediana com roupas brancas e pano da mesma cor nos cabelos, está debruçada por cima de um trapo estendido, também a olhar para fora.
Os olhares de todos estão projetados para uma criança de expressão sorridente que brinca com um pedaço de pau, dando a impressão de cavalgar sobre ele.
Todo este conjunto me faz acreditar que as pessoas moram na casa e que pertencem a uma mesma família.
Os personagens transmitem um ar de felicidade parecendo alegres com a brincadeira do menino, que com seu jeito faceiro e expressão sadia, saltita sobre a vara de madeira como se montasse um fogoso corcel branco de uma estória da carochinha.
Esta cena nos traz a realidade dos dias atuais de nosso país, onde a renda per capita é mal distribuída, fazendo com que o pobre seja cada dia mais pobre e o rico cada vez mais rico.
Mesmo com toda pobreza que a foto retrata, o menino que parece cavalgar com olhos fechados, sonha; e a felicidade estampada no seu rosto nos faz acreditar que mesmo pobre e sem recursos para comprar um lindo brinquedo ele está mergulhado em uma felicidade que só a infância pode proporcionar.
Ser criança é viver em um mundo diferente, onde um simples pedaço de papel pode ter vários formatos podendo se transformar em um grupo de soldadinhos, um avião, ou um lindo barco, ou até mesmo em um pássaro que bate suas asas e pode nos transportar por lugares nunca imaginados.
Não importa qual a casa em que moramos. Basta ser criança, e uma casa embora de favela ou de periferia transforma-se em um palacete e até parece com um castelo encantado onde duendes e fadas passam a fazer parte do mundo maravilhoso e imaginativo de uma criança.