O CONHECIMENTO HUMANO
A problemática da produção do conhecimento e o do reconhecimento da verdade foi abordada no ocidente, de diferentes maneiras ao longo da história da filosofia e das ciências. Várias perspectivas do campo filosófico procuram apreender as condições em que se poderia classificar um dado conhecimento como de fato válido ou verdadeiro. Sobretudo, com o desenvolvimento da ciência físico-quimícas e o surgimento das chamadas ciências humanas a partir do século XIX, esta passou a ser a temática principal de todas as correntes teóricas que podem ser classificadas como integrantes da epistemologia contemporânea.
No entanto, para transformar a visão ingênua sobre ciências, originada no ocidente, a qual se expandiu com o senso comum, convém ressaltar alguns aspectos sobre as diferentes formas de conhecimentos produzidas pelos homens ao longo da história.
Sendo de diferentes formas, o conhecimento humano é determinado pelas relações sociais em que estão inseridos aqueles que as constroem. As condições sociais e históricas, por sua vez, permitem a produção do modo de conceber e considerar legítima a concepção a cerca da realidade.
Seguindo a classificação tradicional no campo da filosofia, existem cinco modalidades de pensamento, que apesar de obterem a objetividade, não são absolutamente estanques, ou seja, elas se inter-relacionam no processo de produção do conhecimento, em especial no filosófico e no científico. Assim, as formas de conhecimento são classificadas em: pensamento mítico, saber religioso, senso comum, conhecimento filosófico e conhecimento científico.
O pensamento mítico para o senso comum está geralmente associado à idéia de ilusão e as representações sobre a realidade produzidas por povos não ocidentais ou da antiguidade ocidental, como por exemplo, os mitos gregos e romanos. Sendo assim, mito é uma narrativa transmitida oralmente podendo ocorrer em meio a práticas rituais, cuja lógica engloba o fantástico.
Devido às influências da Igreja Católica no mundo ocidental surgiu o saber religioso, concebido pela própria religião em suas mais diferentes manifestações, vinculada também a produzirem explicações sobre a natureza e os homens. Desse modo, o saber religioso está fundamentado em valores e princípios considerados e revelados aos homens por uma ou várias entidades divinas.
Já o senso comum se constitui em um conjunto de conhecimentos mais ou menos fragmentados acerca da realidade, transmitidos segundo a tradição cultural de uma dada sociedade ou grupo social em particular, através de processos de socialização, incorporando elementos de ordem mítica ou religiosa.
Com relação ao conhecimento filosófico originado na antiguidade grega, constitui uma forma de representação de múltiplos aspectos da realidade. Este aspira à racionalidade mediante a ruptura metódica de conhecimento, baseado no senso comum. Também é considerado uma forma dominante de conhecimento durante grande parte da história ocidental, que teve sua posição redefinida a partir da emergência das ciências físico-químicas e das ciências humanas.
Segundo Japiassu, o conhecimento científico é o conjunto das aquisições intelectuais de um lado, das matemáticas, e do outro, das disciplinas de investigação do dado natural e empírico, fazendo ou não uso das matemáticas, mas tendo mais ou menos a matematização. Entretanto, o conhecimento científico pode ser considerado a busca da objetividade, coerência lógica do discurso e a validade dos resultados. Desta forma, as questões relativas ao método das ciências e da formulação do objeto científico são necessárias para o entendimento do processo de produção do conhecimento científico, no qual ganham relevância singular às relações sujeito-objeto e, conseqüentemente, o papel das teorias científicas.
Portanto, a objetividade do conhecimento se revestiria no pensamento ocidental de tamanha importância que viria a se apresentar como a condição primeira para que se tenha um saber verdadeiro, isto é, que pudesse escapar da ação falseadora da subjetividade dos indivíduos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 2. ed. São Paulo, Moderna, 1993.
JAPIASSU, Hilton Ferreira. Introdução ao Pensamento Epistemológico. Rio de Janeiro, Francisco Alves Editora, 1975.