Dois Extremos (Parte 1)

Eustáquio, um mecânico aposentado, nascido e residente na cidade de Alfenas, localizada no sul do estado de Minas Gerais, apesar de órfão desde os quatro anos de idade, era um homem que jamais desistira dos seus objetivos. Após a morte de seus pais em 1952, fora morar com a sua tia Ana, uma costureira de baixa renda, mas de um coração grandioso. As crescentes exigências do mercado, tiveram-lhe tirado seu ganha pão de aproximadamente 30 anos, em uma pequena oficina autônoma, que abrira nos fundos da casa de sua tia, localizada na Rua João de Camargo, próximo ao campo de Futebol, onde conhecera a maior parte dos seus amigos da adolescência.

Através de um anúncio de jornal, que lera na banca de revista de seu amigo Tadeu, descobrira que a Prefeitura estava selecionando candidatos para trabalhar nos caminhões de coleta Municipal. Sem outra opção, e já desempregado a cerca de três anos, resolvera se inscrever e contar com a sorte.

Depois de algumas semanas de espera, finalmente Eustáquio é chamado para uma entrevista. Lá por se sair bem, é escolhido para trabalhar por este município. Acordava todos os dias às 04:30 da manhã, pois dependia de transporte, e tinha que se dirigir praticamente ao outro extremo da cidade.

Lá conhecera o Bruno, um artista plástico desenganado de 48 anos que também sofrera com o estreitamento do mercado de trabalho. Começaram então a Trabalhar juntos no mesmo caminhão de coleta, e sempre que podiam trocavam as suas experiências individuais...