Historieta: Trinta dias para amar... (Capitulo VII - Final )
Naquela noite Pedro adormeceu no quarto do filho, sua cunhada providenciou a limpeza da casa e até o encaixotamento dos pertences de Ana.
Ao acordar foi ao escritório, onde havia guardado a carta, mas não teve coragem para continuar.
O sócio assumiu os compromissos e ele passou vários dias em casa.
E lá pelo décimo dia, tomou coragem e trancando-se no escritório abriu a carta e continuou a leitura.
“Não sinta raiva da jovem que se fez presente momentaneamente em sua vida, ela também é filha de Deus e assim como nós está buscando a felicidade, equivocou-se, mas quem de nós não se equivoca?”
_ Meu Deus! Suspirava ele ao ler mais aquele trecho. Perguntava-se a si mesmo:
_ Como Ana poderia adivinhar o julgamento que ele faria da amante que ele tivera? Pensava em nunca mais lhe ver, acreditava até aquele momento que aquela jovem não era confiável, que não valia a pena. E a esposa o convocava para o perdão e para o reconhecimento de suas responsabilidade. De repente ele se lembrou que a amante se sentará em sua mesa, que ela se insinuou, mas que fora ele quem aceitará que os compromissos assumidos pelo matrimônio eram deles e não dela. A verdade lhe queimava o coração e a alma.
E suspirando baixinho:
_ Oh! Ana querida eu também me equivoquei! E continuando a leitura.
“Não há no mundo quem não se equivoca! Eu também me equivoquei quanto ao seu amor, me equivoquei quanto ao tempo e muitas vezes deixei aquilo que podia fazer hoje para o dia seguinte não respeitando a recomendação do Senhor que nos diz para sermos previdentes, pois não sabemos quando a passagem de retorno foi marcada, mas que no dia marcado nós retornaremos. Agi como o homem do celeiro que esperava no dia seguinte construir novos e maiores celeiros, sem se dar conta que naquela noite o Senhor chamaria sua alma.”
Pedro agora ria, pois se lembrava da recomendação da esposa ao filho Alex, em uma frase que ela passou a dizer quase que diariamente ao jovem:
_ Meu filho faça hoje para não se arrepender amanhã. Estude agora, pois amanhã pode haver um imprevisto que o impeça de estudar e no futuro a lição não aprendida pode lhe fazer falta.
_ Ah! Mamãe agora eu vou sofrer pela trigonometria? Respondeu o filho.
_ Oh! Ana, agora eu entendo a lição. Dizia ele suspirando.
Ao dobrar a carta leu um “PS: Entreguei essa carta a Marina no 29º dia!”
Mais uma vez a carta foi guardada e depois de três dias retornou ao escritório, onde foi surpreendido pela visita da amante, que se apresentou como amiga do casal e que só agora soubera da noticia do falecimento de Ana.
Anunciada, adentrou o escritório de Pedro onde foi por ele fraternalmente recebida e então ela começou a falar.
_ Agora entendo porque me deixou. Você se sentiu obrigado a ficar com ela até o fim.
_ Não foi nada disso. Eu sequer sabia da doença, ela não me contou, sofreu tudo sozinha... Uma tristeza o invadiu, pois ele havia contribuído para o sofrimento dela.
_ Então quer dizer que você a amava mesmo? Perguntou a jovem decepcionada.
_ Sim! Eu a amava e graças aos trinta dias de colo eu pude redescobrir isso a tempo de dizer a ela e de ouvir dela que ela sempre me amou.
_ Então você me enganou?
_ Não apenas me equivoquei como você também se equivocou ao buscar a felicidade em uma relação, onde uma das partes já encontrava comprometida. E agora mais do que nunca eu me encontro comprometido para com o meu filho.
A jovem sentindo-se atingida em cheio com a verdade de repente experimentou uma vergonha profunda como se sua consciência fosse desperta naquele momento, por aquelas palavras.
_ Tudo que diz é verdade, só agora percebo. Sua esposa deve ter me odiado?
_ Não! Ela me disse inclusive em uma carta que deixou que eu não devia me esquecer que você é filha de Deus, e que ao buscar a felicidade se equivocou. Assim como eu!
_ Lamento sinceramente...
Agora a jovem chorava entristecida ao ver a nobreza daquela mulher, mas fora interrompida pela entrada do sócio de Pedro na casa.
_ Pedro preciso de uma companhia urgente, pois aqueles empresários internacionais têm hábitos estranhos de não negociar com homens solteiros ou desacompanhados.
_ José eu quero lhe apresentar minha amiga Cláudia.
_ Ah! Cláudia muito prazer em te conhecer, mas será que você não poderia me fazer um favor e me acompanhar a essa reunião?
_ Como? Perguntou ela.
_ Ah! Desculpe-me, você nem me conhece e eu já estou lhe dizendo algo inaceitável.
_ Não tudo bem! Se eu puder ajudar? Ficarei feliz.
_ Sério! Nem acredito. Mas vamos ter que sair agora, pode ser?
_ Sim! Afinal de contas eu só vim prestar minhas condolências ao Pedro.
_ Vão com Deus! Disse Pedro ao ver a amante e o amigo saindo juntos.
Ao chegar a casa leu o resto da carta, então a guardou em local especial para relê-la muitas vezes ao longo da vida.
Sentiu-se leve e depois do jantar se pôs a conversar com o filho querido e seu segundo grande amor na vida.
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Não se esqueça que em todas as situações da vida o homem está sempre em busca da felicidade, comete ao longo da jornada - inúmeros equívocos, mas cedo ou tarde encontrará o caminho da FELICIDADE!
Um abraço fraterno e boa busca!