GRANDEZAS E MISÉRIAS DO ENSINO NO BRASIL
GRANDEZAS E MISÉRIAS DO ENSINO NO BRASIL
Após o fracasso das Capitanias Hereditárias, foi criado no Brasil um novo regime, o Governo Geral, tendo como sede, Salvador, na Bahia. Vieram juntamente com o primeiro Governador Tomé de Souza, vários jesuítas comandados por Manuel da Nóbrega. Eles pertenciam à ordem da Companhia de Jesus, que tinha como objetivo a missão de catequizar e instruir os indígenas para que o catolicismo se espalhasse e o Protestantismo não se propagasse. Também os jesuítas ofereciam aos filhos dos colonizadores uma reservada instrução para a formação de novos sacerdotes. Nascia a partir daí a Educação no Brasil atendendo aos interesses políticos da sua Metrópole. Além disso, havia outros interesses como o metalismo e o mercantilismo, este através da expansão de territórios e aquele através da exploração de metais preciosos. Até então não se conhecia nenhuma riqueza metálica na Colônia, mas outras, como: o pau-brasil que através da escravidão dos indígenas conseguiram explorar e exportar o pau-brasil para a Europa e mais tarde a empresa açucareira que se deu com a exploração da mão-de-obra africana. Logo em seguida a chegada dos jesuítas em Salvador, já funcionava a escola de ler e escrever, que se expandiu por todo território nacional. Era desenvolvido nas escolas primárias o ensino da gramática, para que os indígenas dominassem o idioma português. O processo de aprendizagem se deu por via de dominação da cultura européia sobre a cultura indígena. Mas os próprios jesuítas tiveram que aprender o tupi guarani que era a língua dos índios, facilitando assim a dominação dos mesmos. Vale lembrar que foram criadas também a escola elementar nos Colégios do Rio de Janeiro e Pernambuco que formavam bacharéis e mestres em artes. O ensino superior só existia para o clero regular e secular. Os colégios jesuíticos da época asseguravam a formação de elites, pois até mesmo quem não queria o sacerdócio, freqüentava apenas por uma posição social elevada. Por isso, o ensino dos jesuítas na Colônia Portuguesa, demonstrava que a ordem da Companhia de Jesus era a favor dos maus-tratos e da escravidão dos indígenas e africanos. Os mesmos não recebiam nenhuma proteção, até as crianças negras não tinham acesso às escolas, somente no século XVI, por ordem do rei de Portugal é que os mulatos deveriam ter direito à educação escolar. Para as mulheres dos colonos só lhes eram ensinadas as boas maneiras e as prendas domésticas, assim a educação jesuítica no Brasil foi marcada pelas intenções de propagação do catolicismo. Além disso, eles desenvolviam importantes atividades econômicas que tornava o grande produtor colonial, adquirindo assim do clero o poder limitado de que gozava na Metrópole. Houve o declínio da Companhia de Jesus em Portugal, o que favoreceu o descontentamento da obra educacional jesuítica na colônia. Foi através do primeiro ministro Marquês de Pombal que os jesuítas tiveram que sair da Colônia Brasileira, pois o seu objetivo era suprimir a educação dos jesuítas pela escola útil aos fins do Estado. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, o ensino secundário deixou de existir e cerca de vinte e cinco escolas de ler e escrever. Em compensação foram instituídas algumas aulas régias, sem nenhuma ordenação entre elas. O Ratio Studiorum foi uma transformação ocorrida a nível secundário que permaneceu desligado dos problemas da realidade dentro dos objetivos de Pombal, no entanto, não foi possível sequer dispensar o trabalho dos mestres religiosos com a formação jesuítica. Com a vinda da família real para o Brasil o ensino limitou-se a um trabalho educacional precário assegurado por outras ordens religiosas como: dos Carmelitas, Beneditinos e Franciscanos que ministravam as aulas em conventos. Nesta época estava ocorrendo na Europa os movimentos da Revolução Francesa e Independência dos Estados Unidos, com os ideais de Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Os jovens brasileiros que voltavam das universidades européias estavam imbuídos desses ideais e lutaram para que ocorresse a Independência do Brasil através de movimentos como a Inconfidência Mineira. Esses novos ideais unidos pelas reformas pombalinas surgiram conflitos entre a Metrópole e as Colônias para que acontecessem as modernizações na sociedade colonial. Com o Bloqueio Continental decretado por Napoleão Bonaparte, Portugal seria invadido se comercializasse com a Inglaterra. Então os franceses invadiram Portugal e a família real, com sua corte tiveram que sair fugidas de lá e vieram para o Rio de Janeiro. Para atender às necessidades da nobreza e do seu país D. João VI ordenou a abertura dos portos às nações amigas trazendo a modernização para a Província do Rio de Janeiro como a criação do Jardim Botânico, da Biblioteca Nacional que foi constituída inicialmente com o acervo da Real Biblioteca da Ajuda de D. João VI entre outras. Com tantas mudanças sociais e econômicas ocorridas na então capital do reinado, o mesmo mandou criar várias instituições de ensino para atender às necessidades urgentes diante da nova situação da Colônia. Foi assim inaugurado o ensino superior, com a finalidade utilitária, de caráter profissional, visando a formar os quadros exigidos por essa nova situação, também na Bahia foram criados cursos especiais como: Economia, Agricultura e Química. No ensino secundário não houve transformações, continuavam as aulas régias, e o ensino primário permaneceu abandonado, pois, só havia preocupação em se dar educação escolar aos filhos dos colonos.
REFERÊNCIA:
WEREBE, Maria José Garcia. Período Colonial.In:____.30 Anos Depois Grandezas e Misérias do Ensino no Brasil, São Paulo: Ática.2.ed.1997.cap.1,p.21-30.