Querid@ Amig@,



Passei parte da minha infância em um colégio de freiras...
As tardes de muito frio ou de chuva eram recompensadas com as histórias  contadas por uma das Irmãs...
Entre as muitas histórias que ouvi ali, uma, em especial, sempre me impressionou porque eu nunca consegui compreendê-la: "A menina dos fósforos" Hans Christian Andersen...
O conto era sobre uma garotinha muito pobre que, descalça, vendia fósforos em um lugar onde caia neve...
A Irmã, quando contava a história da menina dos fósforos, usava de eufemismo e levava-nos, em nossa inocência, a aplaudir o final do conto: a menina reencontrava a avó e as duas ficavam iluminadas e aquecidas por milhares de estrelas do céu...
Bem, nunca pensei um final triste para esse conto até...até há pouco.
Estava à toa, assistindo à Cultura, quando reconheci o conto em um desenho animado...
A história atraiu-me, por todas as adoráveis lembranças de uma infância distante...
Mas, os olhos que assistiram ao conto, há muito perderam a inocência...
Chorei, quando descobri que a menina dos fósforos havia, na verdade, morrido de frio...
Que o encontro com a avó era tão somente um eufemismo...
O mundo da infância é mágico, colorido...
Nele não há espaço para fósforos, feitos de pólvora e luz,  tão efêmeros...
A Irmã tinha razão, o mundo das crianças é, de fato, iluminado por constelações de estrelas, que possuem brilho próprio, fixo...
Um mundo que não admite outra coisa senão a alegria de viver...



Angela....:)