VEJO O MUNDO DA MINHA JANELA
 
     O mundo, redemoinho de controvérsias, vai girando fugazmente noite e dia, enquanto eu micro-criatura, estendo meu lânguido olhar para o universo espreitando-o temerosa...
     Os turbilhões de mentiras, traições e vinganças a expandir-se nas grandes cidades e seus arredores, são como oceanos saguinários a ceifar vidas...
     A fome, com a boca escancarada, abocanha as células-pessoas do organismo social...
     Marginais, como epidemia, crescem e vão fazendo vítimas, e vão se tornando vítimas...
     Corações duros, materialistas, mundanos, intoxicados de egoísmo e ganância, pulsam dentro de uma imensidão de máquinas humanas...
     Deus para muitos é transfigurado na faceta do dinheiro, do sexo, dos vícios ou do comodismo enfim, transformado em coisas materiais.
     É triste constatar essa realidade.
     O mundo é a obra-prima de um Ser supremo desfigurado pelos homens. Criado por mãos invisíveis e divinas e sendo destruído lentamente por mãos humanas...
     Estou aqui observando o mundo, da janela do meu íntimo, deste íntimo que gostaria de mudar o rumo das coisas, mas que não consegue mudar nem a si mesma.
     Entretanto, de todo esse amargor que sinto, resta-me ainda lugar para apreciar o belo, o reto, o perfeito!