A mídia, a novela, os personagens
A condição política vivida pelos brasileiros, hoje, não é nada agradável. Emaranhados de escândalos a envolvem diariamente. Nem a própria mídia, que gosta de mostrar tudo, está dando conta do exacerbado volume de novos capítulos dessa “novela”, onde, de fato, somos todos protagonistas principais. Ninguém se safa! Na verdade, somos todos vilões do nosso Brasil contemporâneo.
A mídia desempenha um papel de fundamental importância nas nossas vidas. É a partir dela que, certa ou errada, nos atualizamos. Seu conteúdo, às vezes tendencioso, é contestado pois diz-se influenciar muito no cotidiano das pessoas. Seu estado está deplorável, coitada! Sua existência está cansativa e pesada: só se vê a mídia como “intermediação” política; só se fala de atos e fatos do Senado e da República; de Sarney ou de corrupção; do “Dinheiro Escondido nas Meias (DEM)”; e agora, para encher mais, a “pobre coitada” ainda conta com a ilustre presença da Dilma! Oh, Dilma!
Para dar uma “força” no papel da mídia atual, talvez, se ainda existissem, Joaquim Manoel de Macedo ou Gregório de Matos, poderiam escrever uma novela enquadrando a dita política brasileira com episódios diversos: “A corrupção”; “A impunidade”; “A exclusão social”; “O narcotráfico”. Ou mesmo, se tivéssemos, ainda, Pero Vaz de Caminha para escrever uma de suas cartas relatando nosso sofrimento à “Corte portuguesa”. Quem sabe Portugal nos ajudaria?!
Poderíamos, já que estamos falando em novela, falar, também, sobre seus personagens, os principais (todos): temos o papel do Presidente da República, como figura superior, mas este comete as mesmas atrocidades dos Senadores, Governadores, Deputados e Prefeitos, que parecem ser figuras inertes, só estão para encher o cenário e roubar; temos, também, o papel da sociedade que, por incrível que pareça é inerte do mesmo jeito, mas agora, não para roubar, mas para ser roubada. Logo, poderíamos intitular nossa novela como sendo “Política FrankStein – uma política morta”! De fato, daria um “descanso”, sim, a mídia.
Deixando de lado, agora, nossa novela, que é uma mera ficção denotativa, vamos partir para a não-ficção. O que vivemos atualmente já era para ter sido extirpado há muito tempo. Não é de hoje que o Brasil sofre demasiadas imperfeições que regem à sua administração: desde as épocas mais “remotas”, como a da política café-com-leite, até o recente impeachment de Collor. Está insuportável. Quantos textos deste tipo foram ou estão sendo redigidos Brasil a fora e nada foi feito ainda? Não se tem outra coisa a criticar a não ser a atuação do governo, por que o resto é conseqüência disso. Por exemplo, se as pessoas passam fome, é porque o governo quer; se as pessoas moram “de baixo da ponte”, é porque o governo quer. Um exemplo mais verídico (de que o governo não muda porque não quer) é o fato de o Brasil ter emprestado alguns (286) milhões de dólares para a Grécia sair de sua crise interna – ele quis! E quer que continuemos à mercê de suas atitudes.
Olhando a situação do individuo frente à ética nacional, percebe-se outra imperfeição. O brasileiro está por demais acomodado a esse celeiro de mediocridades. As pessoas deixaram de contestar seus direitos e, talvez por “conveniência” – preguiça passaram a aceitar tudo e calados, ficando com o ônus de toda a história.
A falta de respeito do governo para com o cidadão, e deste, a falta de atitude para com o exercício político, estão matando pouco a pouco o “orgulho de ser brasileiro”. Isso parece não ter fim. Esse caos parece servir só de tema para redações e historiadores e, não, de levantes populares. Parecemos mesmo com as células-nervosas que exercem uma das principais funções no nosso corpo, que um dia nos aplicaram anestesia vitalícia. Por que é assim que o Brasil anda e é assim que ele é: anestesicamente colonizado, só que desta vez não por Portugal (que já “passou”), mas, sim, por tudo e todos que o envolve.