RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
A noite estava abafada . Estávamos em pleno verão numa região geográfica de clima semi-árido .
A própria umidade ambiental conferira àquele curto espaço de tempo entre o pôr-do-sol e o amanhecer, um aspecto sereno. Tudo parecia profundamente estático no inicio da noite: as ruas sombrias, a escassez de pessoas nas praças e o pequeno movimento. Próprio de ambiente interiorano .
Aquele céu pincelado de estrelas fulgurantes, parecia querer contribuir para que nem mesmo um animado aguaceiro de verão pudesse vir a quebrar a divina ordem e a simplicidade natural das coisas.
Era apenas uma noite de quarta-feira como outra qualquer. O que poderia existir de tão especial numa tranqüila noite de quarta-feira ? Talvez uma saudade sem razão, alguém poderia pensar, mas antes que se possa imaginar algo talvez insípido e imprevisível, eu não poderia deixar de descrever o tamanho da emoção que senti ao assistir a primeira aula do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFBA/ Irecê .
Ter o dom da palavra, era tudo quanto eu queria, para descrever a sensação que se apoderou de mim ao começar a ouvir as falas relativas àquela primeira aula do. Era um misto de emoção e curiosidade que costumamos sentir, apenas, quando estamos prestes a desvendar um segredo.
Não sei explicar de fato o que aconteceu comigo, mas a verdade é que no primeiro ciclo do curso eu vivia nas nuvens. E de tanto pensar em ar, céu, estrelas, nuvens, acabei pensando em fazer uma homenagem a todos os professores - cursistas e também aos outros envolvidos no processo, alimentando a possibilidade de todos serem estrelas fulgurantes. Contudo, faltava-me o principal, a inspiração. Foi aí que eu lembrei de um texto que li há muito tempo, “O jardim dos animais”. O texto fala de um jardim onde se preserva a solidão, cujo autor eu não me lembro agora. A partir dele lembrei de outro texto. Uma mensagem que eu conheci, de um autor desconhecido, “Gente cometa, Gente Estrela”, que diz assim: ‘A solidão é o resultado de uma vida cometa. Ninguém fica, todos passam. E nós passamos pelos outros’.
O mais importante é que esta mensagem fora feita para educadores e os comparava a estrelas. E o texto completava: “Ser estrela, neste mundo passageiro, neste mundo cheio de cometas é um desafio, é um desafio, mas acima de tudo, é uma recompensa...é nascer. Ter vivido e não apenas existido.”
Não deu outra. A idéia de uma mensagem, juntando o concreto ao abstrato se apoderou de mim. Juntei jardim com esperanças, sonhos com estrelas e outros ingredientes. Palavras meigas e fortes. Esta foi minha primeira produção livre no curso.