Historieta: Realizando sonhos (16ª parte)...

Do porto a fazenda foi uma longa viagem de três dias e muitas orações, a criança já estava com três meses e estava uma belezura, espertinho, sorridente, um verdadeiro encanto.

Maria Francisca não sabia se chorava ou se sorria ao avistar a casa grande, contendo a emoção com grande esforço e rogando a Deus sua intervenção em sua vida.

Assim que adentrou a casa seu pai veio correndo abraça-la.

_ Minha filha que saudade! Disse ele a rodopiando no ar.

_ Ah! Meu pai a sua benção?

_ Que o senhor a abençoe!

E olhando em volta como se sentisse a ausência de alguém pergunta:

_ Onde está sua mãe?

_ Papai... Mamãe morreu... Nós a enterramos em Portugal!

Diante da fala da filha e da surpresa da situação inesperada, Augusto senta-se na poltrona e se permite chorar.

_ Ela lhe escreveu esta carta. E enfiando a mão no bolso secreto do vestido retira a carta que dona Carlota escreveu ao marido e não percebe que o documento de registro de Pedro cai ao chão.

_ Senhora! Senhora! Venha rápido o bebê está vomitando sem parar. Diz Chica a ama de leite de Pedro, que irrompe na sala em desespero.

Maria Francisca deixa o pai atônito com a carta e a fala daquela mulher que ele desconhece e sai correndo em direção ao quarto, onde o menino Pedro está passando mal.

Augusto abre a carta e lê:

Caro Augusto!

“Quero pedir-lhe que me perdoe as dores que eu possa lhe causar. Que me perdoe por ter me casado com você e ter impedido o seu amor com aquela que era a eleita de teu coração. Eu não sabia! Não podia imaginar teu sofrimento a se ver obrigado a me desposar.”

“Contei a nossa filha toda a verdade sobre Maria e José, que são para ela os irmãos muito amados!”

“Amei-te muito e vivi grata a Deus pela benção de nossa filha, que não tem culpa de nada!”

“Não seja duro para com ela ame-a, por nós dois!”

“Por tudo que um dia eu possa ter representado para você eu lhe peço: perdoe nossa filha!”

Abraços daquela que amou você

todos os dias em que esteve ao teu lado!

Maria Francisca Carlota...

Ela assinou o sobrenome completo. Seus pedidos de perdão para a filha foram por ele entendido como se esta tivesse feito algo de errado e ao ver o papel caído e abri-lo, lendo que Maria Francisca e Manuel tiveram um filho cujo nome era Pedro, começou a berrar pela casa:

_ Maria Francisca onde está meu neto?

_ Como papai? Perguntou ela quase sem voz. Ao vê-lo adentrar o quarto.

_ Eu já sei eu li a carta e vi a certidão. E entregando a certidão a ela, que só agora percebia o erro cometido por seu Manuel.

Pega de surpresa ela fica em silencio e agradece a Deus ao ver que seu pai comemora a vida do pequeno Pedro.

_ Meu Deus como ele é lindo! E forte! Pois neste instante o menino agarra o dedo de seu Augusto com força.

Agora seu Augusto está em lágrimas e todas as mulheres presentes no quarto choram inclusive Josefa a cozinheira, parteira e mãe de leite de Maria Francisca, que a abraça carinhosamente.

José adentra correndo no quarto:

_ O que há?

_ Nada! Está tudo bem! Diz Maria Francisca.

_ Eu tenho um neto! E você e Maria têm um sobrinho! Diz seu Augusto.

Maria, José e Maria Francisca choram de emoção pelo reconhecimento publico de suas condições de filhos.

_ Pai! Diz José de longe.

E seu Augusto bastante emocionado entrega a criança a Chica e abraça o seu filho bastardo com emoção verdadeira e José retribui o gesto.

Maria Francisca continuava em oração silenciosa e aceitava o encargo de mãe de Pedro.

Maria chorava, mas permanecia imóvel.

_ E você Maria não vai me abraçar?

E como ela não se movia. Maria Francisca abraçou-a e ela então caindo em um choro sentido balbucia com voz tremula e sentida:

_ Pai...

E seu Augusto percebendo a dor daquele coração se dirige até ela e a abraça e Maria Francisca os enlaça a ambos.

Iniciam-se neste instante os ajustes dos erros do passado.

Continua...