A destruição de Israel
É preciso ser humano para entender a visão do outro lado. Afinal, por que o inimigo quer destruir-nos?
Em primeiro lugar, entender que destruir pode não significar a destruição física, ou a demolição de nossos lares, ou o bloqueio de nossos bens.
Quando lembramos que a velha União Soviética, que parecia invencível, foi destruída, demolida até não restar pedra sobre pedra, sem que o sangue corresse, ou que tiros fossem disparados nos espantamos, Mas foi assim que aconteceu, exatamente com Karl Marx, enfatizado por Lênin, previram: a revolução ocorre não quando os revolucionários querem, mas quando a classe dominante está tão desestruturada que ela não consegue mais governar.
Quem poderia sonhar que a URSS seria destruída? Mas foi.
E o Estado de Israel, alguém acha que o Hamas ou o Irã que são francamente contra ele, o poderão destruir, da mesma forma que a URSS caiu, isto é, a total demolição da estrutura de governo israelense, e a criação de um estado palestino-hebraico a ser desenhado, que poderia se chamar, SEU, ou Estados Semitas Unidos, unindo Israel, Gaza e Transjordânia? Alguém em sã consciência pode imaginar isso?
Aqui caímos no axioma de Marx-Lênin: por acaso, a classe dominante de Israel não consegue mais governar? Parece que não, eles estão governando, mesmo com oposição.
Será que vão entregar a rapadura com facilidade? Acredito que não. Estão firmes e decididos a manter o bloqueio sobre Gaza, mesmo que à custa de alguns mortos.
De novo, nos perguntamos: afinal, por que a necessidade do bloqueio, coisa trabalhosa e que, afinal de contas, não está gerando efeitos positivos para a política externa israelense.
Poderia ser fácil resolver o atual nó. Bastaria que o Hamas, em pequeno recuo, retirasse de seu programa o princípio de eliminação do estado de Israel que o futuro seria mais fácil para todos.
Enfim, a situação de Israel melhorou muito desde a guerra dos Seis dias. Antigamente enfrentavam as forças armadas das nações árabes. Egito, Síria, Jordânia. Agora, enfrentam grupos armados desorganizamos e mal armados. Instalou-se em Israel uma sociedade elitista e francamente racista, onde palestinos são considerados seres humanos de segunda categoria, o que, mantidas as proporções, é semelhante ao que acontece no Rio com o povo das favelas , gente considerada sem cultura pelas madames que “só serve para fornecer mão de obra barata e samba”. A invasão de Gaza tem semelhanças com a ocupação do complexo do Alemão, onde algumas mortes escandalizam as ONGs defensoras dos direitos Humanos, mas que são tolerados pela sociedade. Assim, o problema palestino vai se tornando um “caso de polícia”, trata-se de usar a repressão policial, a vigilância e as expedições punitivas quando eles agridem a sociedade israelense.
Assim, é necessário reconverter o problema palestino de “caso de policia em caso de política”, e a participação recente da Turquia pode conduzir a isso. Vemos o velho império otomano, que já dominou toda aquela região antes da Primeira Grande guerra se manifestar. E tomara que a política em Israel mude para permitir que o Estado palestino possa ser instaurado sem que ninguém mais precise ser destruído.