Cantos Obscuros do Ser Escuridão
Não foi feita para amar. Não sabia proferir as palavras. Não conseguia encontrar a si mesma. As camadas, que a escondiam do mundo, não sabia mais discernir o que era real ou fantasia. As coisas boas ou ruins. Tudo se resumia em uma horrenda mistura de amores conflituosos e vinhos. Os livros, os pensamentos... nada bastava ao que já estava consumado. Temia que todos seus valores e seu intelecto fossem refutados mais rápido do que foi para adquiri-los. Estava consumida em todos os sentimentos sórdidos e sagrados. Não conseguia ver nenhum brilho no fim do túnel. Era só escuridão, abismo. E tudo parecia tão frio e, ao mesmo tempo, acolhedor. Algo dizia que nada daquilo era bom. O outro dizia que não importava o que sentia no momento. Seu dever era apenas a se entregar ao prazer e nunca mais orientar-se pela Razão. Não tinha mais por que ficar ali. Era fraca e inútil. Quando despertou da perturbada transcendência, abriu a porta e saiu na varanda. E gritou:
- “Vá Alma! Vá até onde a escuridão do infinito não chegue, como um pássaro que voa para o além. É começo, meio e fim em um só corpo. Em uma só alma”
E a escuridão tomou conta de sua própria existência.