Sair de nós mesmos.
Sair de nós mesmos.
Ao chegar ao sitio aquele dia comecei a contemplar a natureza, graças ao Bom Deus toda aquela agitação da cidade havia ficado para trás, o sol brilhava, ainda estava cedo logo após o almoço. Aquele ar puro, aquele silencio invadia o meu coração. O tempo foi mudando, o sol se escondendo por detrás das nuvens, aquele dia ensolarado foi tomando um tom mais escuro, aquele céu azul cedia espaço para um novo céu mais escuro, um tom acinzentado, o silencio foi dando espaço para alguns trovoes e logo começo a chover. Uma chuva mansa, que foi se engrossando a media em que o tempo passava, quando percebi o céu já estava negro, era noite, a chuva continuava e eu ali sem perceber sentado em uma poltrona na varanda observando e sonhando acordado, aquele clima me levava a rever imagens do meu passado, me trazia lembranças da minha infância, me remetiam a fazer um à bela viagem por minha vida, quase posso falar que estava sentado diante de um televisor assistindo a historia de minha vida, revivendo emoções, reavaliando situações e sem perceber pensando na eternidade. Entrei em casa, e sozinho em meu sitio, entrei para o quarto e sem demora peguei no sono. Sono tranqüilo, naquele clima fresco, noite agradável, sonhei com tanta coisa que nem consigo escrever, pois eram tantos detalhes e novidades que os sonhos me traziam. Só posso dizer que dormi a noite inteira num sono só. Acordei bem cedinho, tomei meu café e logo sai de casa para dar um passeio, A chuva havia parado, mas deixado sua marca de ar puro, de mato verde e também um nevoeiro, havia muita neblina que me impossibilitava de ver mais que dois metros a minha frente.
Aquela neblina foi o suficiente para que eu voltasse a pensar em minha vida, mas agora eu pensava no futuro. Parecia que a própria Vigem Maria caminhava a meu lado em silencio, apenas me mostrando em sinais que eu devia guardar toda aquela beleza que eu via toda aquela dor que eu havia relembrado no dia anterior bem La no fundo do coração. À medida que eu andava, minha visão ia se abrindo entre a neblina e eu ia vendo a cada momento imagens inesperada e belas de natureza, tudo parecia tão novo que meu coração não se conseguia manter sem se emocionar com a beleza da natureza, flores, grama verde, o lago que existia ali no sitio, Eram paisagens que eu já conhecia, mas graças aquela neblina que me obrigava a contemplar passo a passo tudo me parecia tão novo, que eu ate me pus a chorar, um pranto de alegria, em tanta beleza que Deus me concedia contemplar, coisas antigas, mas que eu nunca havia visco com um olhar contemplativo, que eu nunca havia percebido como parte de minha vida, de minha historia.
Apenas um fim de semana em um sitio que já faz parte de minha família a mais de vinte anos, apenas um fim de semana solitário para fazer com que eu voltasse a ter um novo animo, um novo sentido. Apenas uma mudança climática que Deus permitira que eu presenciasse, sentisse, foi o suficiente para que eu entendesse as mudanças que a vida nos propõem. Hoje estamos alegres, amanha estamos tristes, hoje estamos de pé, amanha podemos estar caídos, mas como na natureza tudo na vida é beleza, depende da forma com que olhamos, e devemos sempre olhar adiante, mesmo que referenciados em alguma experiência do passado, pra Deus o que importa é a atitude que tomamos agora, é a vontade de ser bom, ser melhor que abraçamos agora, Ele não quer que vivamos do passado e sim que prescindamos do passado e nos atiremos às coisas que vem pela frente. E pra que consigamos fazer isso muitas vezes temos que ter a coragem de fazer um belo retiro, para assim retirar de nós aquilo que nos prende ao passado, ao pecado, e nos entreguemos a mãos de Deus.
Voltei para casa naquela tarde de domingo e corri para chegar a tempo de assistir a missa naquela igrejinha antiga de meu bairro. Chegando La me ajoelhei diante do sacrário e chorei muito. Meu coração estava ansioso e participar da Santa eucaristia, todo meu corpo gritava por vontade de receber o corpo e sangue de Jesus, pois naquele fim de semana no sitio consegui ver a vida e o próprio Deus consegui vislumbrar toda trajetória do Cristo e como santo Agostinho meu coração bradava, “ó Beleza tão antiga porque tanto demorei ate conhecer”.