A pequena luz

Nunca havia sonhado com você e ultimamente é só o que faço.Todos os dias acordando assustada, você novamente havia estado em um sonho meu.

Mas esta noite foi o sonho mais estranho que já tive, sonhei que eu discutia o tempo todo e com alguém eu brigava; eu corria muito e também chorava. Houve um momento que encontrei um enorme buraco naquela densa floresta sombria, eu sempre estava sozinha; raramente havia alguém que aparecia, mas para mim, pouco importava.

Às vezes eu ficava confusa com essas poucas pessoas, não eram só pessoas, eram coisas, cenas, situações... Como todas essas coisas estariam comigo em uma floresta sombria? Daí, depois de tanto correr, percebi em que lugar corria.

A floresta não era outro local qualquer, a floresta era a minha vida. E minha vida estava realmente sombria; tudo foi se ligando. As pessoas e situações, eram as pessoas da minha vida, eram as pessoas que eu me interessava, que eu me interligava, e as situações os meus desejos.

Então percebi com quem eu tanto brigava, era eu, eu brigava comigo mesma e por mim eu chorava. Chorava por estar sozinha naquela floresta procurando algo ou alguém, eu não sabia.

Mas daí vi por quem eu corria e porque comigo mesmo eu lutava, eu lutava porque havia me perdido de você dentro da floresta; ela estava escura, eu havia perdido minha luz.

Houve um final em tudo isso, eu finalmente lhe encontrei. Já não havia mais floresta naquele local, era um vasto campo sem grama; na verdade estava naquele mesmo buraco que havia visto anteriormente. Você estava lá dentro, como que enterrado e dizendo-me o que eu havia feito: eu havia lhe enterrado na terra da floresta de minha vida e havia me esquecido do quanto com você eu me importava.

Você me explicou porque eu corria, porque eu tinha medo da escuridão e tinha apagado minha luz. Você disse que eu corri em busca de outra luz, as luzes que “eu me interessava”, mas que eu tinha descoberto que nenhuma delas brilhava como você. Mas você disse também que a sua luz havia se cansado, que era pequena demais para minha floresta, por mais que eu já não achasse isso.

Foi então que eu vi sua luz indo embora, o sol que eu descobri ser para mim, era uma pequena lanterna, uma pequena luz, que só era necessária para me clarear e não tudo aquilo. Mas eu já estava sem meu sol, sem lanterna sem nada, só o sombrio da floresta; você tinha morrido e eu tinha acordado.

Daniele Rocha
Enviado por Daniele Rocha em 19/04/2010
Reeditado em 19/04/2010
Código do texto: T2207420
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