TROPA DE ELITE
O filme foi escrito com o intuito de chocar, levar a tona à realidade do batalhão mais preparado da Polícia Militar -BOPE-, em conseqüência escancarar o problema da segurança pública, revelando paradigmas sistemáticos, como forma de avaliar perfis sócio-culturais dos “homens da lei” e “contraventores”.
O policial do BOPE não foi feito para pensar, ele é uma maquina de guerra formada aos moldes do sistema militar, e por isso não distingue quem quer que seja. Mas, porque o filme e o livro Elite da Tropa, mostram essa imagem?
Uma das respostas é o efeito vendas – obras como essas tem que ser marcantemente violentas-, outra, e mais coerente é pensarmos que de uma forma ou de outra os autores revelaram os resquícios de ditadura, de como nosso país ainda é antidemocrático, pior ainda, a visão de um problema dado por certo e que só outro mal (violência Estatal) pode freá-lo... “Não se tapa sol com a peneira”, o problema da Violência tem que ser encarado de forma multilateral, combinando ações de curto, médio e longo prazo, e ao contrário do freqüente demagogo acadêmico, levar em considerarão as causas, pois não adianta combater o tráfico nas favelas, se a droga chega a todo o momento por nossas fronteiras, não adianta recuperar jovens na FEBEM, pois é fora das cadeias que viram bandidos; Investimentos no social, amparados por uma rede eficaz de repressão ao tráfico, crescimento econômico, participação do setor privado em áreas tradicionalmente públicas amenizarão o descarrilar do nosso tempo: falta de Justiça.
O policial que entra na favela, matando bandido, praticando julgamentos sumários, tem uma única justificativa, “já que quem devia fazer não faz, eu faço justiça”. O dono de casa que trabalha todo santo dia, e que no único dia que poderia desfrutar do descanso dos justos, é impedido por seu vizinho que escuta som a toda altura, se ver acuado e escancara o verbo fazendo jus do seu direito, é desacatado, e impelido pelo furor do momento dispara cinco tiros de arma de fogo - utiliza o mesmo parafrasear - “já que quem devia fazer não faz, eu faço justiça”.
Aonde vamos parar, o Judiciário cada vez mais, absorve os problemas sociais para si, mas a ele não é dada legitimidade para a resolução de todos esses conflitos – deveria ser o último ratio – separação de poderes em um mundo como nosso é mero discurso acadêmico, cada esfera age de acordo com o momento, a mídia influência tudo e a todos, quem apresenta propostas para mudar esse quadro cai no ridículo, quem não se lembra de Cristóvão Buarque.
Contudo, nem tudo é mar de rosas, não esqueço mais uma das senas do filme, em que Matias sente asco das medíocres colocações de seus colegas de turma, como em suas palavras, há sim policiais corruptos, bandidos para melhor dizer, mas a maioria da corporação é formada de homens e mulheres honestos que dão a vida por míseros trocados, enquanto os que se julgam heróis ficam esperando a solução cair do céu.