2010 - Um ano a sós com o caos

O ano de 2010 tem sido, até agora, um ruidoso grito de socorro de dois mundos. De um lado, grita o planeta - talvez gemendo - em seus alicerces, suas plataformas e suas estruturas naturais. De outro, é o mundo dos acasos, das tragédias cósmicas sem explicações científicas.

Finalmente esses dois mundos, que nas especulações metafísicas e pragmáticas já foram tidos como muito distintos entre si, unem-se na tarefa de alertar. Mas será que existe algo de fato, que urge ser percebido? Ou serão esses episódios de maldade fortuita? Será que o grito dado pelos mundos é a agonia do fim ou rompimento de uma metamorfose?

Chuvas devastadoras em Ilha Grande no dia de reveillon, terremoto no Haiti, chuvas em São Paulo, terremoto na China, alagamentos em Salvador, deslizamentos no Rio, nuvem de cinzas vulcânicas por toda a Europa - há mais coisas por vir. Atentados na Russia, queda do avião polonês, conflitos na Malásia, a incansável guerra na Palestina... Acontecimentos constantes que nos causaram dor, perda e muitas dúvidas.

O que é nossa culpa? A quem estamos devendo? O que precisamos fazer? Será que a resposta é mesmo desenvolvimento sustentável, menos consumo de energia, acordos políticos de paz, tropas prometendo proteção aos civis de um país? Estou pensando, diante dessa infinidade de tragédias e do caos irrompido por toda parte, que talvez seja menos da ação humana que precisamos agora. E de uma outra ordem a solução - se que há alguma - que desejamos.

Pode ser que nada do esforço que provocarmos seja suficiente para nos tirar dos prognósticos mais alarmantes dessa nova década. Pode ser que nossas orações mais fervorosas não sejam atendidas como desejamos. E nesse aglomerado de incertezas julgo ser a união nossa melhor saída. Seja para presenciarmos o parto de um novo mundo - talvez mais harmônico e mais belo no escopo de suas oferendas naturais -, seja para perecermos juntos na dolorosa morte de nossa crenças.