Sofrimento vs Tempo
O tempo de fato não apaga nossos sofrimentos, apenas os consuma. A recompensa pelas nossas aflições passadas com o passar dos anos é que notamos que elas se repetem nas mais variadas pessoas. As vezes se repetem por descuido ou por vício, e as vezes como se fosse uma forma de martírio.
Cada desatino de nossa pequena existência no fim das contas, é nada mais nada menos, que poeira na memória de um ser feito de pó e sopro.
Não encontramos redenção para nossas paixões, não temos sossego quando as vivemos ardentemente, e não possuimos razão quando fugimos de vivê-las.
Para completar nossa perplexidade, o nosso assombro diante do tempo que se foi, a persistência de nossas lembranças insistem em colocar nossas feridas mal curadas e nossas angústias cicatrizadas frente a frente.
Dia após dia, não encontramos remédios para o arrependimento, esquecimento para as dores, lenços para nossos olhos marejados de recordações.
O tempo, com toda sua impetuosidade, transforma desejos em rugas, vontades em perigos, e pouco a pouco, sem que notemos nos deixa aniquilados pela nossa própria história.