Eu, diaba
Era um senhor parrudo, sério , religioso.
Falador moderado.
Não sei bem que filosofia seguia.
Nele, havia muita superstição .
Tudo d a natureza se transformava em sinais.
'Isso é ruim, isso é bom.' Presságios!
Avisos dos mais variados vinham para indicar
soluções. Desvios , fugas, reza forte.
O diabo era ser presente e quase palpável nos
dias rotineiros de sua vida.
E , lógico, o medo também.
'Isso é coisa do diabo' , dizia quando algo
não se encaixava dentro de suas convicções.
Com certo grau de instrução , se esperava dele outra posição.
Por azar , foi parar num condomínio onde as corujas
escolheram para morada. Centenas delas.
Não sei como o tal senhor convivia com os pios
noturnos, os voos rasantes.
Devia se arrepiar em grandes exorcismos apopléticos.
Afinal , dizia ele , ' corujas eram coisas do diabo'.
Uma noite , um temporal trouxe ao meu quintal
dois filhotinhos da ave rapineira ,despencados
de uma árvore.Tive que adotá-los.
Não foi muito fácil , no começo, inexperiente que
era para cuidar de aves.
Mas , devagar , fomos achando um meio de
ambientarmo-nos `a nova situação.
O tempo passou . O casal cresceu , ficou forte.
Grandes asas se abriram para a liberdade.
Lindamente. Que imagem!
Foi nessa temporada que percebi:
aquele senhor sério- parrudo-supersticioso-falador-diplomado ... sumiu , inexplicavelmente , das minhas paragens...
lu.ferretti
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Corujas
minha sorte
bem - aventuranças
bibelôs criados
lu.f:-)
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