Cap LI O Poder do Perdão: O Diagnostico: Câncer
Depois do casamento de Álvaro e Carmem, Carlos e Ângela arrumaram uma casa próxima para ficarem perto das meninas para que elas não ficassem longe do pai e da tia.
Após três semanas chegaram os resultados dos exames feitos por Ângela antes de sair do hospital e os resultados mostravam um tumor, confirmando assim as suspeitas de Lucas: era câncer!
Ângela estava com câncer e o tratamento seria doloroso e só existia um centro aqui capaz de tratá-la com a urgência e eficiência necessária: São Paulo!
Lucas chamou Carlos e Ângela para uma conversa e foi direto ao assunto, sem muitos rodeios já que o sucesso de cura, muitas vezes, dependia da rapidez e do inicio do tratamento.
_ O que houve? Perguntou Carlos não gostando muito da feição sisuda de Lucas.
_ Os resultados dos exames que eu pedi sobre aqueles nódulos, chegaram.
_ Sim. E está tudo bem, certo? Perguntou Ângela.
_ Não, não está!
_ O que foi agora? Disse Carlos levantando-se.
_ Ângela você está com câncer.
O silêncio tomou conta de todos. Carlos olhou desesperado para Ângela, que sorriu tristemente. Lucas olhou para eles, enquanto se abraçavam e teve vontade de chorar.
_ Bom! E agora, o que vamos fazer? Perguntou Ângela quebrando o silêncio e tirando os dois médicos do estado de lamentação e prenuncio de revolta.
_ Bom! O primeiro passo é vocês voltarem para SP, onde poderá receber o tratamento adequado. Eu já liguei para o dr. Rubens Couto que é especialista no tratamento do câncer, sendo o médico com mais resultados positivos das últimas décadas.
_ Sim! Eu o conheço. Disse Carlos.
_ Então é isso gente, temos que começar novamente a batalha pela vida. Disse Ângela olhando firme para os dois médicos que conversavam como se ela não estivesse ali.
_ Sim! Disse Carlos com a voz embargada pelas lágrimas que não demoraram a rolar.
_ Não vamos perder tempo chorando, vamos falar com as meninas e providenciar o nosso retorno a São Paulo. Sabe Lucas, eu sou uma mulher de sorte, serei a única paciente a ter um médico particular em casa. Disse Ângela abraçando Carlos pela cintura e assim todos sorriram.
Em casa, Ângela reuniu forças para contar as meninas e para ficar longe delas.
Era tarde quando Susan e Ana chegaram para ver a mãe, antes de irem para casa, que ficava apenas há uma quadra dali. Depois dos costumeiros beijos e abraços.
_ O que foi mãe? Perguntou Ana ao perceber um certo clima no ar.
_ Nós vamos ter que voltar a São Paulo. Disse Ângela, após as meninas se sentarem.
_ Como? Perguntou Susan.
_ Vocês sabem que nós amamos vocês profundamente e que...
_ Não precisa dizer mais nada! Eu já sei! Era bom demais pra ser verdade! Gritava Susan quando saiu correndo.
_ Vá atrás dela, Carlos, por favor! Pediu Ângela.
_ O que houve mamãe?
_ Ana, minha filha! Nada no mundo é mais profundo que o amor que sinto por vocês. Mas, eu estou doente e só em São Paulo há possibilidade de cura e por isso que eu tenho que voltar, se quiser pode vir conosco, apesar de nós concordarmos que vai ser muito difícil para vocês.
Nisso entra Susan chorando desesperadamente.
_ Mãe! Mãe! Eu não sabia! Deus não é justo!
Ângela abraça a filha enquanto Ana chora discretamente num canto da sala. Enquanto Carlos se aproxima para consolá-la.
_ Minhas filhas ouçam com atenção o que vou dizer. Deus não é injusto e nem suas leis o são. Com certeza estou saldando algum débito e isso me alegra. Eu vos peço que antes de blasfemarem, ou se revoltarem contra Deus, lembrem-se de orar pedindo forças para vencermos mais esta prova, mais esta dificuldade. É assim que devemos pensar e agir.
Ângela abraçou ternamente as filhas e chorou porque via em seus olhos todo o seu sofrimento e sentia o amor que suas filhas lhe emanavam.
Quando ficou a sós com Carlos chorou sentidamente e pediu a ele que não a deixasse fraquejar.
Tudo foi providenciado para o retorno a São Paulo. Álvaro e Carmem eram esperados com ansiedade por Ana, que acabava de entrar de férias.
Assim que estes chegaram foram informados dos últimos acontecimentos e a tristeza tomou conta de seus pensamentos e coração.
_ Papai, eu sei que o senhor não queria ficar longe de nós, mas eu gostaria de estar junto de mamãe nesse momento difícil. Eu quero que o senhor me permita ir com eles para São Paulo. Eu terminei os estudos e quem sabe eu possa até prestar o exame para a faculdade em São Paulo. Permita que eu vá, por favor!
Álvaro sentiu que não poderia impedir que Ana seguisse o seu coração, mas sentia profundamente por ela e por Ângela, pois com certeza a ligação entre elas era genuína e sincera, profunda e única, e a batalha não seria fácil.
_ Sim, filha! Você pode ir com sua mãe.
_ E eu? Perguntou Susan.
_ Você ira nas férias e quando você terminar os estudos se quiser ir não a impedirei.
No dia da viagem foi uma grande festa. Lucas, Lisa e Thiago vinheram abraçar os amigos que partiam.
_ Ana cuida bem da minha mãe dois, por favor! Disse Thiago.
_ Eu prometo que vou cuidar! Meu irmão. Disse Ana para a felicidade absoluta de Thiago.
_ Eu também quero um abraço! Disse Carmem, que chegou acompanhada de Álvaro e Magalhães, Susan e Camila, que estava toda feliz com o pedido de casamento de Magalhães.
_ Obrigada! Disse Ângela.
_ Ana! Eu escrevi essa carta pra sua mãe e gostaria que você entregasse a ela por mim. Pediu Álvaro.
Houve muitos abraços e Ângela prometeu a Magalhães que viria para o casamento.
Já no avião Ana pediu para Carlos trocar de lugar com ela para ela ficar perto da mãe. Ele concordou e Ana pode então entregar a carta de seu pai. E foi ao banheiro para que a mãe tivesse privacidade para ler.
“Querida Ângela, sinto profundamente tudo que acontece com vocês.
Eu li em um livro que essa doença tem haver com o fato de não perdoarmos os nossos erros, saiba que muito dos seus erros só ocorreram por minha causa.
Mesmo você não tendo me amado como disse que eu merecia saiba que eu sou grato pela forma com que você me amou durante os anos em que estivemos juntos e eu apesar de minha consciência sempre me apontar o erro que eu cometi contra você, eu era feliz por tê-la ao meu lado.
Se houver algo nessa doença que tenha haver comigo, ou com o perdão que acha que precisa, saiba que sempre foi e sempre será você quem tem que perdoar a mim.
Eu te amo e hoje sei que esse sentimento assume várias formas e com certeza hoje posso dizer que te amo com pureza de coração.
Força e coragem! Não desista nunca! Álvaro.”
Ao terminar de ler Ângela chorava e sentia-se aliviada pelo perdão que de certa forma acabara de receber.
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O auto perdão é tão importante quanto perdoar os outros.