Paga-se bem, com direito a folga semanal, férias e décimo terceiro salário.
O título e a linha de apoio deste texto é apenas um trocadilho, para chamar a atenção do povo para o que vem acontecendo no Brasil. A população já sofre e vai continuar a sofrer milhares de perdas, por culpa dos desmandos políticos, por falta de mobilização das pessoas, por desinteresse dos eleitores em gerir os destinos do país, deixando o comando da nação nas mãos dos políticos.
O Estado, agora, é privado. O que é público e notório é a falência das instituições. A violência é a ponta do iceberg, de um problema social gravíssimo, fomentado pela falta de investimento em educação de qualidade, ações preventivas na área de saúde, criação de emprego e distribuição equitativa da renda nacional. Segurança pública é um problema ainda mais grave, em que os investimentos deveriam ser em prevenção das causas, o que não acontece, infelizmente.
Junto com o desmantelamento do Estado, vem a privatização de todas as atividades antes exercidas por este. Na área da saúde, o atestado de incompetência estatal fica estampado nos contracheques: auxílio para pagar planos de saúde privado; previdência social: ou se paga um plano de aposentadoria complementar ou se amarga a redução do valor do salário após o servidor se aposentar. Na educação: financiamento público das faculdades-empresas particulares, através do FIES, PROUNI e outras siglas; Segurança: exércitos de vigilantes particulares, inclusive tomando conta das instituições públicas, por pura falta de “segurança” pública...
Notícias publicadas em jornais de grande circulação ou em boletins de sindicatos dão conta que as perdas dos funcionários públicos são cada vez maiores: não há mais licença-prêmio (três meses de folga a cada cinco anos de trabalho ininterrupto); aumento de carga horária; não se pode mais ‘vender’ um terço das férias; não há mais incorporação de quintos ou décimos; não se incorpora mais os anuênios (1% a cada ano de trabalho efetivo); serviços de copa, vigilância, portaria, limpeza, telefonia, informática, digitação, motorista, etc foram terceirizados.
Mais prêmios: congelamento de salário por dez anos; limitação dos gastos com serviço de pessoal; metas de produtividade; aumento de carga horária... Funcionário público não tem Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS. Isso significa que, em caso de demissão, ele não recebe nada, fica ao Deus dará…
Ah, mas os servidores públicos ainda têm uma vantagem: ESTABILIDADE. Não, não têm mais. A meta agora é demitir funcionários "estáveis", por insuficiência de desempenho. Usada contra os "protegidos" seria mais que justo, mas, se usada para perseguir quem realmente trabalha, a possibilidade de demissão pode se tornar uma poderosa e silenciosa arma de assédio moral.
Só falta terceirizar os serviços judiciais. Não vai demorar muito para que juízes e juízas sejam terceirizados e não precisem de curso superior.