Cap. XL O Poder do Perdão: O reencontro

Álvaro estava no hospital sedado e recuperando-se do choque quando percebeu que as filhas entraram em seu quarto e se aproximando dele Ana e Susan lhe beijaram a face e pediram para ver a mãe, o médico que ali estava disse que iria informar o médico responsável no momento pelo caso, o doutor Lucas. Mas, as meninas cansadas da espera, saíram do quarto, e foram direto a sala do médico, que a essa altura estava tentando se interar dos fatos e da condição da paciente uma vez que quem a atendeu fora seu colega de trabalho, ao seu lado um jovem muito bonito mais com fisionomia sofrida mostrava visíveis sinais de ansiedade e inspirava nas duas jovens sentimentos diferentes, Ana sentia por aquele desconhecido uma estranha compaixão e Susan um incomodo inexplicável.

Lucas depois de tomar ciencia de toda a situação virasse para informar ao amigo o estado de sua mulher, sem perceber a presença das filhas de Ângela, começa a falar que o seu estado é grave, e que ele não sabe ao certo se ela vai despertar do coma, que inicialmente fora induzido, mas que agora era próprio do organismo, Carlos que estava alheio à presença das duas meninas chora compulsivamente dizendo que não conseguiria viver sem sua esposa.

Susan logo compreende o que houve e sai desesperada pelos corredores do hospital só sendo parada pela tia que vem em seu encontro e a abraça.

_Ela nos abandonou e se casou com outro!!!

_Eu sei, mas não sofra assim, tudo vai se resolver agora. Na cabeça de Camila aquela mulher era mais vil agora do que nunca, era sem duvida nenhuma um monstro.

Ana que não era de tirar conclusões precipitadas, vai ao encontro de Carlos e se apresenta. Carlos ao olhar aquela menina percebendo-a na flor dos seus 14 anos se envergonha do que fez, e chora mais ainda.

Ana compreendendo que aquele homem sofre desesperadamente entende que ele ama a sua mãe e então começa a lhe fazer perguntar a fim de entender como a mãe chegou até ele.

_Essa pessoa que o senhor chama de esposa é minha mãe, o senhor sabia?

_Sim. Responde ele com um menear da cabeça.

Lucas que a tudo observava e ouvia sem conseguir sair de perto sentia naquele momento que a verdade viria à tona e pela primeira vez desde o dia que viu Ângela em sua sala experimentou uma sensação de paz.

_Como o senhor a conheceu? O coração de Ana batia descompassado temendo pela primeira vez uma verdade diferente daquela que ela sempre acalentara, de que a mãe estivesse em algum lugar impossibilitada de voltar.

_Eu vou lhe contar disse Carlos, ao perceber que não poderia mentir diante daquela jovem. Passou então a narrar toda a história desde de a sua juventude quando eles eram namorados até aquele momento.

Ana apesar de sua pouca idade compreendia perfeitamente o sofrimento de todos os envolvidos. E, agora mais do que nunca amava aquela mãe. Em lágrimas abraça ternamente o homem a sua frente.

Carlos sente-se perdoado e sem conseguir explicar sente desabrochar em seu coração um amor de pai por aquele anjo que esta diante de si.

Lucas também se comove profundamente com a atitude da jovem, e todos envoltos naquele sentimento, não percebem a presença de Camila e Susan, que nada compreenderam daquela cena.

_O que você esta fazendo? Diz Camila referindo-se ao abraço que Carlos e Ana trocavam.

_Abraçando um amigo! - diz Ana de forma inafetada pela pergunta da tia.

_Como pode abraçar este homem que viveu com nossa mãe?!! Fala Susan praticamente gritando.

_Não fale do que não sabe. E virando-se para o doutor pergunta-lhe: _ Podemos ir ver minha mãe.

_Claro, que sim! Lucas então virasse e chama a outra que o segue meio a contragosto, mas ela também gostaria de ver aquela mulher que era a causa de tanto sofrimento.

Carlos espera no corredor, pois ele também quer vê-la, mas Camila não tira os olhos dele e em sua cabeça ela pensa, mas que pobre coitado, sofrendo por uma mulher tão falsa. Seu olhar perturba Carlos, que assim que vê Lucas sair pede-lhe se pode esperar na anti-sala da UTI.

Assim que Carlos e Lucas entram na anti-sala e percebem as duas meninas prontas, então Lucas as conduz a UTI.

As meninas se põem uma de cada lado do leito. Ana se aproxima e segura de leve a mão da mãe enquanto que Susan se mantém distante.

Ana inclina-se e beija de leve a face da mãe, como se estive diante de uma grande amiga, que por muito tempo ficou distante, começa a lhe contar a vida. Como tinham sido todos aqueles anos longe de sua presença. Os amigos, a escola, os estudos, seus sonhos, a presença de sua tia em suas vidas.

_ Mamãe, eu só queria dizer que estamos bem e que queremos muito que melhore logo. E nesse instante uma lágrima rola dos olhos de Ângela que apesar de fechados via-se em sua face uma serenidade única.

Susan do outro lado sussurra: _ Fale só por você, maninha!

_Mamãe iremos sair agora, para que Carlos possa entrar, eu gostei dele, fique com Deus. E num movimento Ana sente sua mãe apertar de leve a sua mão. Eu te amo, mamãe! Diz ela ao soltar a mão da mãe.

Assim que Susan e Ana estão do lado de fora, Susan fica indignada com a irmã.

_Como pode dizer tudo aquilo? Ela nós abandonou? Casou se com outro? Nunca se quer nos procurou? Ela não é minha mãe!!

_Lá em casa eu te contarei tudo o que houve e você não pensara mais assim e sentira vergonha de tudo o que acaba de dizer.

_Carlos, mamãe te espera. Diz Ana.

_Como pode falar com esse homem, como se ele fosse o seu melhor amigo?

_Ele é, tia Camila, pois ele cuidou de minha mãe até hoje.

_Ela é maluca tia, não ligue.

_Vocês duas vão ficar surpresas quando eu lhes contar toda a história.

E, assim as três passaram para se despedir de Álvaro, que queria ver Ângela, mas não conseguia nem ficar em pé e então os médicos tiveram que sedá-lo mais ainda para que dormisse. E então quando Ana entrou no quarto com as outras ele estava dormindo e o médico pediu para que fossem para casa.

Ana estava radiante, feliz mesmo e agradecia a Deus por ter trazido sua mãe de volta, mesmo que ela não se lembrasse de ninguém, ela se lembrava dela, era sua mãe.

Durante o percurso do hospital até em casa todas faziam seus julgamentos, tiravam suas próprias conclusões.

Susan estava tão revoltada, que pensava por que Deus não havia lhe tirado a mãe, era melhor pensar que ela estava morta do que viva e que as havia abandonado. Como ela podia estar viva, como se atrevia a viver depois de todo o sofrimento que causara, e meu pai que tolo pensando em rapto, enquanto isso, ela estava era com o amante e de tão indignada que estava nem percebeu que chorava.

Camila pensava em tudo, nos anos em que se dedicara aquelas meninas e ao irmão e que se ele e Ângela reconcilia-se ela estaria só porque ela não iria viver na mesma casa que aquela mulher, aquela traidora. Como podia fazer isso com seu irmão, que lhe fora sempre fiel, tão fiel que nunca tivera uma única mulher, mesmo quando esta o abandonou por causa de outro e agora ela tinha certeza.

E, assim envoltas em seus pensamentos e sofrimentos nem perceberam quando o carro parou diante da rica mansão no bairro nobre da cidade.

Ana logo que se viu em casa chamou a tia e a irmã para lhes contar tudo o que sabia.

E conforme narrava os fatos, os olhos da tia e da irmã se abriam esbugalhados de espanto e pesar por tudo que haviam dito e feito.

Camila agora entendia o que se sucedera no shopping em São Paulo, mas porque ela perdera a memória? Isso ainda era um mistério. Agora as coisas faziam sentindo uma vez que a cunhada sempre falara que jamais deixaria um centavo para Álvaro se um dia viesse a separar-se dele.

Susan sentia que a irmã não mentiria sobre assunto tão sério, mas será que Carlos não mentiu? E se nada disso fosse verdade, mas tinha o outro médico o tal de Lucas? Seria mesmo verdade? Se fosse sua mãe era inocente? E aquele homem era o raptor? Tínhamos que chamar a policia? Aquele Carlos e tal de Lucas eram dois bandidos?

_Vamos chamar a policia!! Exclamou Susan. Precisamos contar tudo o que sabemos para a policia.

_Não e não. Nós não vamos fazer nada disso, sem antes falar com o papai e eu acho que esse caso é melhor resolvermos em nosso lar e não nos expormos a curiosidade pública.

_É, eu devo concordar com você. Disse Camila ainda meio tonta com tantas novidades juntas.

E naquela noite Susan escreveu em seu diário:

"Eu, Susan Alcantara Lemos encontrei hoje minha mãe e amanhã quando eu voltar ao hospital vou dizer a ela o quanto a amo."

Ana sentia se feliz e dormiu como um anjo, Susan pela primeira fez em muito tempo experimentou algo diferente de revolta, Camila em seus afazeres costumeiros foi se deitar bem mais tarde, porém não conseguia conciliar o sono, pensava em seu irmão e na reação que teria depois que soubesse toda a verdade. O que ele iria fazer com aqueles homens e o que haveria acontecido para provocar a amnésia de sua cunhada? Eram tantas perguntas sem respostas que a sua mente não conseguia para de pensar nas muitas possibilidades, seja o que for que tenha acontecido ocorreu na porta da firma, ela precisaria conversar bem cedo com o irmão. O que seria, só o irmão poderia lhe responder?

Enfim Camila conseguiu cochilar. Todos acordaram cedo e foram para o hospital.