Cap. XXXIX O Poder do Perdão: No plano espiritual

Ângela se vê diante de uma senhora que gentilmente lhe explica as linhas mestras de sua programação reencarnatória e daqueles que estão a ela ligados.

_ “Ângela! Minha filha - diz a senhora com voz doce e serena - você deveria se encontrar com Álvaro (Gerald, que no passado entregou as meninas a um bandido) se ajudarem como amigos fraternos, ele deveria se apaixonar por você, mas deveria resistir a essa paixão, se casar com outra mulher ter duas filhas com ela, vê-la morrer no parto de seu terceiro filho, deixando-o viúvo com a missão de educar e cuidar das meninas sozinho, até a chegada de Carmem, que deveria ser o seu apoio para uma adolescência tranqüila das meninas.” Fazendo uma pausa continuou.

_ Para cuidar das meninas Álvaro receberia a ajuda de Camila sua irmã que no passado fora Justine, serva prestimosa que cuidou dele até o fim, além disso, deveria desposar Carmem. A mesma Elizabeth Hart, que ele abandonou por paixão a você. E que por conta desse abandono veio a morrer de desgosto. E fez nova pausa, prosseguindo em seguida.

_ Seu compromisso nesta vida era com Carlos e a medicina, deveria atender a Álvaro (Gerald) em suas necessidades, deveriam cuidar e se apegar as meninas como suas filhas amadas, os laços de amizade e fraternidade deveria influenciar de forma salutar a própria escolha das meninas com relação à carreira profissional, a ética de vocês deveria ser o modelo a ser por elas seguido.

Para e continua.

_ Sua maior prova deveria ser ocasionada por um câncer (que poderia ou não se desenvolver dependo única e exclusivamente de sua capacidade de auto-perdão, pois depois de desencarnar como Pollyanna logo que tomou ciência do que desencadeou todos os fatos você se sentiu responsável, estava assinalada em sua memória a resposta dada a Gerald, quando este lhe perguntara sobre a possibilidade de segundas núpcias e a sua resposta clara de que só se casaria de novo se estivesse viúva, essa resposta foi determinante para encorajá-lo aos atos abomináveis que praticou um único descuido para o qual você requereu - essa prova). A sua escolha motivou Carlos a solicitar a oportunidade de estudar e desenvolver técnicas novas para o tratamento de doentes com câncer. Por ocasião de sua doença ele deveria voltar a São Paulo vendendo assim a clinica ao amigo Lucas por valor irrisório, saudando a sua divida para com este em relação à escravidão, que lhe impingira em outra existência.

_ Por que me casei com Álvaro ao invés de Carlos? Pergunta Ângela agora tonta pela situação.

_ O modo doloroso que se deu o seu reencontro com Álvaro (Gerald), o álcool a lhe servir de anestésico e o fato de aceitar-lhe o pedido de casamento, as conversas que só reforçaram essa aceitação, a gravidez, tudo decorreu do fato de que você se sentia extremamente compromissada com Álvaro, incapaz pelas próprias circunstâncias de tomar outra atitude, pois se considerou mais uma vez responsável pela situação embaraçosa em que se viu envolvida.

A senhora para novamente para que Ângela se refaça e continua.

_ Quando as nossas consciências reclamam reparação, ou melhor dizendo expiação, de nossas faltas, muitas vezes solicitamos viver dores tão atrozes quanto a que infligimos aos nossos irmãos menos avisados. E se o complexo destruidor da culpa se manifesta, nós com a nossa usina mental começamos a produzir energias deletérias que adoecem o nosso organismo material, provocamos assim vários tipos: de cânceres, problemas cardíacos, lesamos o nosso sistema nervoso e o nosso controle emocional, baixamos perigosamente a nossa imunidade, pois envenenamos o nosso sangue; em outras palavras nos tornamos algozes de nós mesmos.

E ela prossegue esclarecendo.

_Tanto Carlos como Lucas abraçaram a medicina como forma de pagamento das dividas feitas por ocasião da guerra na qual ambos tiraram inúmeras vidas humanas.

Lucas diante da perda do filho deveria resignar-se, sua esposa deveria lutar para viver com aquela dor, resgatando assim as suas dividas passadas, mas a esposa não resiste e suicida, pois a liberdade soberana da escolha pertence ao individuo, para ela o aprendizado ainda não se estabeleceu. Lembrando sempre que ela tinha a opção de resistir, assim com ele deveria se resignar e confiar em Deus, algo que ele não fizera durante o tempo em que vivera sobre a Terra com o nome de Sam (o pai de Alfred, o mesmo Sam que atirou em Gerald, tiro que abriu uma ferida que não cicatrizava; que não aceitou a prova com resignação). E assim tudo se encadeia e colabora na grande obra de aprendizado que é a vida, e prossegue dizendo:

_ Guido que outrora fora o algoz de Alfred, nesta vida sobre a roupagem de José não tivera coragem para lhe tirar a vida e a velha comparsa de outrora era agora Godofredo, que no passado fora Antoniete.

_ E meu filho? Pergunta Ângela se referindo ao pequeno Joseph.

_ O pequeno Joseph era Clara, que se tornara um ponto de luz na vida de sua família, tinha a missão de auxiliar o irmão (seu antigo pai).

_ E o juiz Laurence?

_ É o delegado Magalhães, que era o primo de Elizabeth. O juiz Laurence Cornell, que assumira para essa existência o compromisso da busca pela verdade sempre em todos os casos, com isso ele deveria resgatar sua divida de omissão no caso de Pollyanna Porter. Magalhães também é irmão da jovem Carmem, que no passado fora Elizabeth, por quem ele nutrira um amor agora sublimado pelos laços da fraternidade.

_ E o pai de Elizabeth? Quis saber Ângela.

_ É Julio Mendonça (sr. Hart) retribuiu a ajuda do passado fazendo a Lucas (Sam) o bem que receberá de seu filho Alfred (que hoje é Thiago). Ele retornou ao plano físico com o mesmo magnetismo do passado.

_ E minhas filhas?

_ Anne Marie e Eleanor deveriam resgatar sua confiança em Deus e sua capacidade de perdoar diante da ausência e saudade de sua mãe, nesta vida elas eram respectivamente Susan e Ana as suas filhas com Álvaro, Ângela.

E continuou dizendo:

_ Todos receberam uma linha mestra a seguir e nos momentos decisivos deveriam fazer as suas escolhas. Pausou e prosseguiu:

_ Você e Carlos se encontraram na adolescência e desde então jamais estiveram afastados um do outro, mesmo no tempo em que você esteve casada com Álvaro, você o manteve em seu coração e a todo custo lhe evitou a companhia. Buscando sempre ser leal ao seu companheiro embora sua mente e seu coração o traísse sempre. Muitas vezes chorou de saudade deste amor que transpôs as barreiras do tempo e das encarnações, seu sofrimento e sua vontade firme e suas ações leais lhe deram crédito, bem como o seu trabalho em prol de seus semelhantes. E continuou explicando:

_ Durante muito tempo vestiste a mascara do ciúme temendo que seus verdadeiros sentimentos viessem à tona - destruindo seu casamento e seu lar, lutou para manter o que chamava de lar: suas filhas, seu marido, sua vida apesar de elegante buscou sempre a simplicidade, que se tornou um símbolo de sua pessoa.

E maternalmente lhe falou:

_ Minha filha como podes ver o que sempre sentiu por Álvaro não passou de respeito ao compromisso assumido, nunca o amaste como homem; seu coração sempre esteve com Carlos.

_ Eu trai meus compromissos... Dizia ela soluçando.

_ Não. Quando o viste (Álvaro) em traição para com esse compromisso no seu inconsciente vislumbrou uma brecha para a liberdade, influenciada por outros irmãos do plano invisível e sobre o choque entre o desejo da fuga do compromisso por ti mesma traçado e o compromisso perante sua consciência, surtas-te deixando a amnésia se estabelecer, mas como nada se perde e tudo se transforma em lição e oportunidade redentora para o aprendizado em beneficio de nós mesmos o tempo ao lado de Carlos de serviu de aprimoramento e de oportunidade para o auto conhecimento e a cura do espírito, manifestando assim a cura no próprio corpo.

Ângela chorava copiosamente diante da explanação feita por aquele anjo guardião e indagou:

_ O que devo fazer?

Ao que lhe foi respondido:

_ Perdoar-se, pois tudo o que viveu e aceitou passar em sua vida foi por escolha sua. Considerou-se culpada pelo assedio de Gerald; pela morte de Joseph, considerando que se tivesse respondido ao assedio de Gerald naquele dia de forma diferente, deixando crer que em nenhuma situação se ligaria a ele; mas ao dizer que só se casaria de novo se ficasse viúva; depois o seu pesar pelos destinos das meninas ocasionado por sua ausência na carne. É preciso que compreenda de uma vez por todas que o Pai amantíssimo jamais castiga ou pune, mas que sempre somos nós que escolhemos os nossos caminhos de acordo com nossas convicções e entendimentos. Portanto filha: acorde para a felicidade e o amor incondicional de nossos irmãos e de nós mesmos!”

Neste momento no plano da passagem material ocorre o despertamento no corpo físico, que ocorrerá após duas semanas e meia de coma.

Nossas vidas tem linhas mestras, que geralmente são os momentos de tomada de decisão, ao seguir este ou aquele caminho nos submetemos a justiça imperiosa e misericordiosa de Deus, que nos ensina o caminho para Ele. Todos nós estamos sujeitos a “Lei de Causa e Efeito”, porém ninguém é chamado para a condição de algoz, mas todos nós de acordo com o caminho que escolhemos somos utilizados para a necessária corrigenda um dos outros.

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O auto perdão talvez seja o mais difícil de realizarmos.