Cap. XXIII O Poder do Perdão: A vida na fazenda

A revolução chegou ao fim e os escravos foram libertados, agora se contratavam funcionários assalariados (ou melhor, dizendo com alguma remuneração, que mal dava para se viver – surgia assim um novo tipo de escravo), com o fim da guerra Gerald se estabelecerá na fazenda ao lado e com pulso firme fizera com que ela produzisse muito.

Sempre que podia estava em casa de Joseph Porter, almoço, jantares, mas a vida transcorria sem que Pollyanna lhe desse a menor atenção.

Gerald era sempre tão bem recebido e nunca Joseph Porter suspeitou de qualquer sentimento dele para com sua esposa, pois Gerald se encontrava comprometido com Elizabeth Cornell Hart, que era prima do juiz (uma espécie de xerife) da região – Laurence Cornell.

Um dia, estavam a sós na sala quando ele lhe perguntou se algum dia largaria o marido.

Pollyanna estremeceu e disse que só se afastaria do marido na cova, se esse por acaso a antecedesse.

Gerald então percebeu que só poderia ter aquela mulher se seu marido morresse. Então era isso que faria, por que dinheiro ele já tinha de sobra.

Ane Mary tinha 10 anos, Joseph estava com 6 e Eleanor com 4 anos, tudo transcorria muito bem, eles não se cabiam de felicidade, para Joseph Porter ver seus filhos crescendo honestos e belos era uma felicidade sem fim, como eles eram lindos e sua esposa que sonho de felicidade era aquele. Pedia perdão a Deus se por acaso o ofendesse com tanta alegria e felicidade.

Gerald tinha um funcionário muito ambicioso, que se chamava Peter, ele estava disposto a fazer um favor a Gerald desde que este lhe pagasse muito bem.

Gerald propôs a Peter que atraísse Joseph Porter para uma armadilha, ele deveria morrer e assim Peter receberia em ouro o suficiente para viver o resto de sua vida. Peter concordou e eles tramaram a armadilha.

Gerald disse para Peter que depois da emboscada, ele deveria se livrar do corpo, jogando-o no rio.

Gerald foi à casa de Porter pedir para ele ir buscar uns mantimentos.

_ Por favor, me faça essa gentileza, pois estou enrolado com o serviço em minha propriedade. Poderia mandar um de meus homens de confiança, mas é dia de acerto lá no armazém e é muito dinheiro...

_ Sem problemas meu amigo!

_ Eu trouxe o malote confiante que você não se recusaria a me prestar essa ajuda. E entrega o malote, que Joseph Porter se quer mexe.

Porter que não tinha porque deixar de atender ao amigo de tantos anos disse que iria e na manhã seguinte partiu e na despedida da esposa e dos filhos ele sentiu vontade de reter-se por mais tempo junto dos seus amores, mas infelizmente a despedida se fez e ele deixou-os e por várias vezes olhou para trás como quem deseja levar consigo aquela imagem.

Pollyanna sentiu o coração bater descompassado, como a prenunciar uma tragédia.

No dia seguinte todos já esperavam a volta de Joseph Porter, os filhos sentiam no ar que algo estava para acontecer, Pollyanna que nem havia conseguido dormir sentia o coração pesado e a garganta espremida, uma vontade imensa de chorar, mas e as crianças, como se explicar, o jeito era rezar e pedir a Deus para que ele chegasse logo.

Gerald esperava ansioso o fim de seus planos e lembrando-se do seu noivado com Elizabeth tratou de ir visitá-la para desfazer o noivado uma vez que isso poderia estragar os seus planos com Pollyanna.

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Sempre devemos ter cuidado com aquilo que pronunciamos, pois nossas palavras podem motivar irmãos equivocados a agirem de determinado modo igualmente equivocados.