INDIVIDUALISMO EM EXCESSO, UMA DOENÇA DA MENTE

Individualismo em excesso faz mal para a saúde mental, especialmente se o indivíduo em questão achar que “devemos ter um pensamento diferenciado e especial, que nos distingue do resto da humanidade”.

Aqui fica até difícil estabelecer limites precisos entre o que é do individuo e o que foi adquirido culturalmente e que é patrimônio da humanidade.

O sofrimento é patrimônio da humanidade, mas a capacidade de ser feliz é do indivíduo, a menos que se considere como felicidade coletiva coisas como o carnaval, ou a conquista do campeonato pelo time de futebol. Felicidade coletiva ou loucura coletiva?

Seria a guerra uma loucura coletiva? O que levaria alguém a promover a morte de milhares de pessoas ou a destruição dos lares?

Nesse embate do que é individual ou coletivo muitas vezes não se pode, individualmente, fugir ao destino social. E isso não nos transforma em idiotas, mas em heróis de tragédias gregas.

E é exatamente esse o mecanismo da Alienação, devendo-se lembrar que Marx enfatizou a chamada alienação do operário do produto final de seu trabalho, lembrando que o produto não pertencia aos operários que o produziram, mas ao patrão que bancou os riscos da produção. O operário, às vezes, nem sabe para que serve o parafuso que está apertando, uma vez que a divisão e especialização do trabalho não o permitem. Para Marx a alienação acabaria no momento em que a fábrica fosse expropriada e o produto passasse a pertencer aos operários. (Pena que aqueles burocratas soviéticos pegaram primeiro. Mas da próxima vez será diferente).

Marx, que começou como estudante de filosofia, aluno de Hegel, absorveu como ninguém as categorias de pensamento de seus mestres. O conceito de alienação provem das categorias filosóficas de ser-em-si e ser-para-si, sendo que o ser que “não é para si” seria um ser alienado de si mesmo, quase um escravo.

Como se vê há um excesso de individualismo em tais categorias e daí só pode resultar coisa como “a humanidade é composta de idiotas”, pois não é composta de “seres-para-sí”.

Marx mesmo chega a gastar muitas e muitas paginas do primeiro volume do Capital para demonstrar a formação da mais valia com fórmulas matemáticas simplórias, estabelecendo que o valor produto do trabalho do operário individual superava o valor necessário para a sua sobrevivência individual e familiar e que a mis valia provinha da apropriação do excedente pelo patrão. Gastou o seu latim e não conseguiu convencer a ninguém. Seria muito mais simples ele observar que a mais valia vem do simples fato de que “o trabalho social é mais eficiente do que o trabalho individual” e que, portanto, um trabalhador na indústria, trabalhando em equipe dentro de uma metodologia industrial gera mais valor do que um trabalhador operando por conta própria, o que hoje não mais é possível exceto para aqueles trabalhadores sem formação que fazem biscates com a enxada.

Ou seja, o que existe é o trabalho social, o trabalho de toda a humanidade.

E o individualismo exacerbado é uma doença da mente.