Errar, pra quê?
 
É obvio que buscamos acertar nas escolhas, decisões e “provas” diversas com as quais nos deparamos na vida. O que muitas vezes não levamos em conta é que para chegarmos ao tal acerto erramos uma ou algumas vezes e é justamente o que aprendemos nestas situações que nos leva posteriormente a sermos bem sucedidos.

Os sentimentos de vergonha, fracasso, inadequação, incompetência e outros que muitas vezes acompanham o erro são comuns e em geral dificultam o aprendizado que poderia ser auferido pela experiência, porque para evitá-los deixamos de olhar mais profundamente para o erro em questão.

Na nossa cultura errar não é nada dignificante, quanto mais aceitar e mostrar o erro cometido. Desta forma tentamos esconder o erro de nós mesmos e dos outros.O pior nisto tudo é que nesta tentativa cometemos  erro maior ainda e perdemos o que poderia constituir a “lição” dele.

Mesmo que os acertos de alguém não sejam legítimos, como o aluno que tira nota boa porque “cola” nos testes e aquele que é aprovado num concurso porque comprou o gabarito da prova, ainda assim, toma-se o erro como acerto e se faz de conta que acertou, quando tudo não passou de uma mentira.

A atitude desonesta é defendida como um sinal de esperteza e com a velha e corrompida justificativa: “Não importam os meios, o que importa são os resultados”.

Seguimos neste equívoco, mas não admitimos quando o político que elegemos, o médico que escolhemos ou o professor do nosso filho agem de forma fraudulenta. Aí nos indignamos como se agíssemos de modo muito diferente. 

É assim que desperdiçamos ricas oportunidades para conhecermos realmente quem somos, com nossas contradições e sombras; para aprendermos mais sobre a vida, as coisas e as pessoas; para nos transformarmos e nos tornarmos agentes de transformação no nosso meio.

Erramos para  aprendermos com nossos erros e assim amadurecermos.

Isto só é possível quando estamos dispostos a parar de nos autoenganar, a aceitar que não somos perfeitos, temos limitações, somos humanos em busca de crescimento. E quando aprofundamos o nosso olhar para encontrar as causas verdadeiras e o sentido do erro. 

Precisamos ter humildade para confessarmos nossos equívocos a nós mesmos e quem sabe a outros, tirarmos as máscaras e não nos sentirmos diminuídos com nossos erros, e sim semelhantes ao nosso próximo.

Norma Suely Facchinetti
Enviado por Norma Suely Facchinetti em 08/02/2010
Reeditado em 08/02/2010
Código do texto: T2075193
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