Pseudo-apresentação retardada

(Músicas para acompanhar esta leitura: Save me from me – Amber Pacific; Yurima – River flows in you; The Show – Lenka)

Como noviça neste espaço do Recanto das Letras, achei que podia falar um bocadinho sobre mim, para vocês poderem perceber, um pouco melhor, aquilo que escrevo. “Sou do tempo em que valia a pena acordar cedo para ver desenhos animados. Sou do tempo em que se fazia aquelas coisinhas de papel para ver com quem é que me ia casar. Sou do tempo em que cantava as músicas das Spice Girls mas não sabia bem o que é que estava a dizer. Sou do tempo dos Tamagochis. Sou do tempo em que a Anabela cantava "Quando cai a noite na cidadeee...". Sou do tempo em que se brincava às Polly Poquet. Sou do tempo da Macarena. Sou do tempo em que se gritava "Olhós namorados, primos e casados!". Sou do tempo das decisões importantes baseadas num sério "Pim-pu-ne-ta". Sou do tempo da franja e cabelinho à tigela, com muito orgulho. Sou do tempo do quarto escuro sem segundas intenções. Sou do tempo dos "quantos queres?". Sou do tempo em que se respondia aos insultos com um "Quem diz é quem é!".”

Sim, só tenho 16 anos, mas, aproximadamente, de há 1 ano para cá, tenho sentido a vida a correr a uma velocidade estrondosa. Passo o tempo a ouvir “Não sabes nada da vida”, “Tens a vida toda pela frente”, “Não podes ficar presa ao passado, pensa mas é no teu futuro” e blá blá blá. Passo-me quando me dizem tretas do género. Sim, sou nova, mas também sinto, e, muito possivelmente, de uma forma mais pura, sentida e sofrida do que muita gente que anda por este mundo. Será que as pessoas se esquecem que é inútil tentarem apagar de mim aquilo por que já passei? Tenho noção de que a maneira com sinto e passo por aquilo que me vai acontecendo, não me facilita muito. Tenho vivido uma adolescência ligeiramente emocionalmente atribulada, com amizades que me desapareceram por entre os dedos, quase de um momento para o outro, sem motivo aparentemente aceitável, lágrimas que escorrem de saudade por momentos e vivências que não vão voltar mais. Teria uma vida mais pacifica que se não me afeiçoasse tanto às pessoas? Possivelmente, mas não seria a mesma coisa. Custa um bocadinho, mas vive-se bem, porque amigos dos bons tenho eu ao meu lado. E eles não me deixarão cair nunca!

Não acredito em Deus. Quer dizer, não digo que não haja uma parte espiritual em mim, porque dou por mim a falar comigo mesma para que as coisas corram bem, mas um Deus, uma religião, e muito menos a Católica, nem pensar. Se Ele existir, anda muito ocupado. Porque olho para o lado e nunca o vejo. Deve andar distraído…

Tenho quase a certeza que já encontrei o Homem da Minha Vida. “A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. Claro que com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica.” Ele não ficou, mas era a pessoa certa. Não ficou só porque as circunstancias da vida não o permitiram. Porque o meu Fábio há-de ser sempre o meu Fábio. Foi por quem mais sofri, e por quem ainda sou capaz de ir ao fim do mundo $:

Agora vou-me embora. Não tenho tempo para escrever mais. Afinal, sou só uma menina de 16 anos, do 11.º ano de Línguas e Humanidades, e a minha função é estudar e estudar. Não é sentir nem expressar-me para o mundo.

Patrícia Oliveira
Enviado por Patrícia Oliveira em 04/02/2010
Código do texto: T2069558
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