Escola: berço da literatura
O conhecimento persiste de geração em geração. Inicialmente, de forma oral e, depois, cada grupo com sua grafia própria: ilustrações, danças, rituais, até chegar à escrita.
Através de uma educação opressora, era mais cômodo acreditar que o conhecimento só era possível em sala de aula. Mas Paulo Freire, através de sua pedagogia libertadora, provou que, quanto mais entramos na realidade do aluno e utilizamos elementos do seu cotidiano, mais ele aprenderá, pois a construção do conhecimento não se dá apenas em sala de aula, e sim através da leitura de mundo que o aluno já tem. É necessário respeitar e explorar essa leitura de mundo a favor da aprendizagem. Em outras palavras, unir o útil – leitura da palavra – ao agradável – leitura do mundo.
A leitura possibilitará ao aluno uma ampliação de seus conhecimentos acadêmicos e, apesar de toda a tecnologia atual, a leitura pode ser considerada a principal fonte de informação até hoje, pois, mesmo na internet, em alguns casos, é necessário saber ler.
O professor tem papel fundamental na construção desse conhecimento, ao propor aos seus alunos uma reflexão sobre o que lê. Propor uma leitura silenciosa antes de iniciar a atividade de interpretação é dar oportunidade ao educando de formar sua própria opinião do texto lido, antes de uma discussão mais ampla sobre o assunto proposto.
O bibliotecário também deve se unir ao professor na tarefa de fazer da leitura um ato prazeroso para os frequentadores de sua biblioteca. Mantê-la atualizada, limpa, aconchegante, reflete um ambiente saudável e alegre para seus usuários. Conhecer seu acervo e ser solícito também é uma proposta para atrair mais leitores e estimular o hábito da leitura.
A biblioteca da escola é onde o aluno vai encontrar-se com a literatura. Com o surgimento da Literatura Infanto-Juvenil ficou mais fácil entrar no universo da criança através da fantasia, da imaginação. E isto é trabalhado até nos livros didáticos. Os livros didáticos propõem interpretação de textos, mas a cada dia os textos estão mais de acordo com a realidade do aluno. Não existem só os textos verbais, mas uma interação entre o verbal e o não verbal. Para se compreender e interpretar um texto com o máximo de precisão é necessário conhecer não só palavras, mas o mundo em que se vive. Ler o mundo para ler a palavra.
É na escola que esse mundo vai se abrir, pois o professor vai integrar o cotidiano do aluno à literatura, já que é muito mais difícil este contato fora da escola. É muito mais cômodo para a criança, o adolescente, e até mesmo o adulto, nesta época imediatista em que vivemos, trocar a leitura de um clássico da nossa literatura por um filme baseado neste livro. Já existem vários filmes assim, ou até mesmo clássicos adaptados, com menor número de páginas, para as pessoas “sem tempo” (ou sem interesse na literatura) conhecerem a obra sem precisar ler todo o texto.
Trabalhar com teatro, música, brincadeiras, cinema, mas sempre envolvendo a literatura e sem esquecer a importância do livro para a sociedade é, sem dúvida, uma consequência da pedagogia de Paulo Freire, citado no início, pois o professor precisa se adequar à realidade do educando.
Projetos de incentivo à leitura - como o Proleitura, Ler é Bacana, entre outros - tentam levar aos alunos um interesse à prática da leitura, visando não só o conhecimento da literatura, mas também uma forma de tornar esse aluno mais participativo na sociedade. Uma pessoa que sabe ler –não apenas identificar os códigos linguísticos, mas interpretar o que lê- consegue ter uma participação mais ativa na sociedade, reivindicando os seus direitos, tendo uma opinião melhor formada sobre vários assuntos, fazendo a diferença entre os membros da comunidade.
Bons escritores são formados a partir de bons leitores. Até na música atual vimos reflexos dessa literatura deficiente, pois as letras de músicas populares estão se importando cada vez menos com a ortografia, com o respeito e até com o tema do que é cantado. E o povo não se manifesta. Como discutir algo sem um mínimo de consciência interpretativa.
Educadores, bibliotecários e todos os envolvidos na educação: é necessário estabelecer hábitos de leitura da literatura na escola para a formação de um aluno crítico, responsável, e verdadeiramente, cidadão.