Delegado bagual
Por: Roger Sprode Bruti
Em Santa Maria/RS exerce suas atividades profissionais o Delegado de Polícia mais bagual do Rio Grande do Sul. É o meu amigo André Sesti Diefenbach. É bagual, porque ama as tradições gaúchas como ninguém, trova, faz músicas, vídeos e poemas gaúchos até enquanto está embaixo do chuveiro. Até possui alguns sites sem fins lucrativos cujos endereços são http://www.bagualismo.tv e http://blogopoeta.blogspot.com Todo ano o André ganha prêmios regionais e nacionais com músicas e poemas de sua autoria.
Na semana passada ele ganhou mais um prêmio literário de âmbito nacional no concurso “Valdeck Almeida de Jesus” com um texto gaudério de sua autoria. Como já ocorreu antes, o escrito desse bagual será publicado em um livro a ser lançado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, evento que ocorrerá de 12 a 22 de agosto de 2010, no Pavilhão de Convenções do Anhembi.
Como diz o gaúcho, deem um “espiada” na poesia com a qual ele venceu referido concurso: “Na guerra pela liberdade, lutaram conterrâneos, / Irmãos em lados opostos, soldados apostos, / Lanças, espadas, canhões, os índios em seus redomões... Uns querendo o divórcio, a formação de um novo Estado, / Outros mantendo o consórcio, com o império ao seu lado. / Farrapos libertadores, Pica-paus mantenedores, / E assim foi por muito tempo, o Rio Grande em seu horizonte sangrento... / Muitos encararam a sorte, valentes, guerreiros, / Neste jogo de vida e morte, disputado por lanceiros, / Alguns se tornaram heróis e até hoje vivem na história, / Vários tombaram no campo, sendo apenas esta sua glória. / No final, apesar da derrota, a vitória foi Farroupilha / Pois mostrou ao mundo inteiro que gaúcho é xucro e não se encilha!”
Afirmo aos leitores: há pessoas que moram bem ao lado de nossas casas, mas que jamais passaria por nossas cabeças quais maravilhosos talentos elas possuiriam. Por vezes, desenvolvem suas artes timidamente, só para si, no interior dos seus quartos. São pintores, escritores, músicos, enfim, pessoas com talentos os mais peculiares. Você leitor certamente deve ter um.
A verdade é que todos nós possuímos algum hobby em particular. E como é bom descobrirmos que o Fulano gosta de ler livros tão interessantes, sobre temas cuja existência nem imaginávamos haver; que Beltrano gosta de tocar blues com o seu violão, escondido em seu quarto; que Sicrano gosta de escrever para o Jornal “A Razão”, por puro prazer, sem esperar nada de retorno. Talentos assim, ao meu ver, devem sempre ser cultivados e preservados.