O Magnífico Cristal: Cheia
Cheia lua que ao céu brilha e ilumina a todos que, com carinho, a observa.
Nasce, assim como seu irmão diurno, ao leste. A noite observa tudo e a todos, calmamente. Vê os trôpegos passos de um bêbado andarilho, os ardentes beijos dos namorados, os sussurros das favelas e os segredos dos amantes.
Sobre sua intensa e maravilhosa luz, as mais belas estórias já foram contadas, o que tem a falar então? Talvez, os grandes poetas que ti mencionaram esqueceram de falar como, mesmo em turvas águas, tua beleza resplandece.
Criada no primeiro dia da primeira era, Quando Deus disse que dia e noite se separassem e luz e trevas foram criados. Max para as trevas não reinar, assim acho que fez deus, criou a lua para tudo desvendar.
E assim, sentada sobre uma almofada de nuvens ou pairando sobre nossas cabeças, onisciente e onipresente, trás a tona as lembranças as lembranças boas da nossa infância, das brincadeiras no jardim, e da inesquecível lua de mel, que tem esse nome por ser tão doce e adorável esse momento assim como a própria lua.
Ser cristalino de personalidade forte, mas com uma ternura inconfundível, responde a todos que lhe ousem perguntar com sinceras e corteses palavras.
Dama vestida de branco, com uma beleza singular, das mais bonitas que se pode ver, e transformadora mística dos seres vivos. Ser de conhecimento milenar que só seu irmão (e marido) e o tempo há de se comparar. E de todos os conflitos houve de estar, acrescentando um bélico conhecimento a um astro tão profundo.
Reguladora das marés e mãe dos rios, lagos, mares e da maior criatura terrestre: o titã oceano. Mãe das estrelas e constelações que aparecem em seu turno sem ofuscá-la. Beleza, sabedoria, história e vida.
E assim vai indo para o poente com sua estória o cristal esférico que percorre as noites vai se deitar, esbelta como sempre e que nada deixa de saber. Seu marido já está vindo, hora de descansar, novamente só à noite.