TORCEDOR: COMO EXPLICAR ESTE SER ÚNICO?
Esta é uma reportagem de minha autoria que o jornal da minha faculdade publicou!
Histórias de torcedores
Quem pode explicar o amor de torcedor? Qual é a química que leva pessoas a gritarem, chorarem, xingarem, ou até pautarem suas vidas por causa de uma instituição esportiva? Até hoje, nem a ciência ou a religião encontraram explicações para a devoção esportiva. Existe certa eloquencia e a frivolidade do sentimento do torcedor. É diferente do amor materno, do amor fraternal, do amor de marido e mulher, todos enclausurado em sua obviedade de ser. O que leva um atleticano do nobre e caro Água Verde a reagir da mesma maneira que um rubro-negro do Caximba, bairro modesto do extremo sul curitibano? O que difere um coxa-branca que mora no Alto da Glória de outro que reside no Tatuquara, tão longe do Couto Pereira? Certamente pouco ou nada. O clube de futebol é um instrumento de socialização, cultura e igualdade. Não existem ricos, pobres, bonitos ou feios. Somente torcedores.
Em Curitiba, cada esquina reserva variadas paixões. Atleticanos, coxas-brancas, paranistas ou fãs de clubes de outros Estados, cada um tem histórias de sobra. O administrador Nerci Doarte, 42 anos, é paranista. “Eu morava em Francisco Beltrão e não torcia por nenhum time daqui. Em 94 vim pra Curitiba e peguei o auge do Paraná Clube, o penta paranaense de 93 até 97. Não tinha como torcer para outro”, conta Doarte. Pra ele, os momentos mais marcantes foram contra as maiores torcidas do Brasil. Uma goleada de 6x2 no Flamengo no Brasileiro de 2003 e uma vitória de 1x0 contra o Corinthians, quando o Tricolor quase eliminou o Timão da Copa do Brasil de 2002.
Já a coxa-branca Mirian, 28, é menos fanática. Nunca foi ao Couto Pereira e torce pelo Coritiba por influência de sua sobrinha. No entanto, foi o Atlético/PR que reservou à moça um momento marcante. “Uma vez, não lembro quando, trabalhava com eventos e fiquei no camarote da torcida do Atlético, na Arena. Foi bem nervoso, porque estava cheio e eu não podia torcer”, conta Mirian.
A fanática Andréia, 24 anos, faz o que pode para acompanhar o Atlético/PR na Baixada. Frequentadora assídua do Joaquim Américo, a jovem lembra com carinho da goleada de 7x2 no Vasco, pelo Brasileiro de 2005. “Eu estava no estádio e a cada gol do Furacão eu mandava um SMS para um amigo vascaíno”, debocha a torcedora.
Curitiba é democrática e tem lugar para as torcidas forasteiras. Eunice, 53 anos, e Raquel, 32, apaixonadas pelo Flamengo, provam isso. Irmãs, elas vivem a paixão desde o berço, porém sequer sabem explicar a origem do amor rubro-negro. “Desde que eu me entendo viva, o Flamengo faz parte de minha vida”, diz Raquel. Já Eunice evita assistir ao vivo os lances do Flamengo. “Quando eu era adolescente, se o Flamengo perdesse, eu não queria almoçar nem jantar. Mas hoje como e bebo normalmente”, diz a “flanática”.
Torcidas Organizadas:
Império Alviverde - Rua Ubaldino do Amaral, 50 – Alto da Glória (Coritiba)
Os Fanáticos - Rua Doutor Pedro Augusto Menna Barreto Monclaro, 571 (Atlético/PR)
Fúria Independente - Rua Dr. João Skalski, 231 (Paraná Clube)
Embaixadas de Torcidas:
Fla-Paraná – Rua XV de novembro, sn, (pr Hosp. Menino Deus) – Alto da XV (Flamengo)
Fiel Curitiba - Rua Carlota Straube de Araújo, 847 - Boa Vista (Corinthians)