NOSSA VIDA NÃO É CONTRATO DE NINGUÉM!

Vamos agora recordar a nossa vida, o como ela é especial para Deus e para nós.

Vamos lembrar das pessoas que já passaram por nós, entre nós, e aquelas que nós nem demos tanta importância, mas que marcou por algum momento ou por algum segundo. Tem pessoas que nos marcam pelo olhar, pelo estilo, pela roupa, pelo modo de falar. Todas pessoas passam, e nós não damos importância para o tempo em que elas permanecem junto de cada um de nós. E o nosso coração é como uma propriedade, é a nossa casa.

E você já percebeu que as pessoas estão vivendo na maioria das vezes de contratos?

Contratos de locação, onde pegam emprestado o nosso coração para morar por um tempo, e depois saem definitivamente dele, ou porque expulsamos o proprietário de nosso coração, ou porque o proprietário quer arrumar uma casa nova para morar.

Tantos os contratos de prestação de serviços em que deixamos o proprietário roubar um beijo ou nos utilizar como quiser, com o instrumento que quiser, e depois sair ainda dizendo que o serviço foi realizado com ênfase. Sendo que muitos serviços ficam inacabados quando realmente não se atinge o ponto mais importante de uma casa, que é exatamente dentro dela. Nenhuma obra se começa de fora para dentro, mas de dentro para fora.

Existem os contratos de compra e de venda. Já percebeu que hoje em dia as pessoas valem o que elas ganham? E só conseguem dar, se recebem? Ou ás vezes só querem receber?

O contrato de venda é quando o proprietário observa que não tem mais a sua propriedade, pois alguém melhor e com mais dinheiro comprou o que ele tinha. Quantas vezes deixamos nos vender por coisas tão ruins, quantas vezes o contrato que queremos vender está carregado de ódio, de rancor e de erros de nosso passado que queremos oferecer a alguém. Muitas vezes as pessoas querem vender uma casa, porque ela trás lembranças ruins, de pessoas queridas que já se foram para a eternidade, ou porque se rompeu em um determinado momento algum elo, como um casamento ou talvez um romance, e já não suportam mais ficar na propriedade em que construíram para eles tantos sonhos, projetos, idealizações. Confesso uma coisa, eu não sou a favor de vender uma propriedade destruída para outras pessoas, porque uma parede sem pintar, ou de repente a porta que não se fecha mais, podem fazer com que a casa não tenha o mesmo valor. Precisamos então ao invés de vender a casa com defeito, procurarmos todos eles, e assim oferecermos o nosso preço, pois não devemos dar o fardo as pessoas de tantos erros do passado que não temos a coragem de consertar em nosso presente. O preço é o amor com que olhamos para dentro da nossa casa e de nós.

Não importa se as lembranças foram ruins ou carregadas de tribulações, não existe amor que se vende, porque ele automaticamente vira algo gratuito. O proprietário que compra uma casa boa então fica satisfeito. Mas a vida não é vender e comprar, mas dar e receber, ou vezes dar tanto, e não receber nada, sendo que os contratos de nossas vidas estão ligados ao único Deus que traça todas as nossas decisões com o intuito de nos revelarmos sempre uma nova morada para estarmos, porque Deus não rompe nenhum contrato.

E quantos são os avisos prévios, ou de férias, de problemas que estão a caminho, de soluções e alegrias que podem estar se aproximando. Os avisos prévios fazem parte de tantos contratos que queremos estabelecer com os outros. Nada cai do céu, nem mesmo anjo, nem mesmo estrela, mas quando existe a previsão de chuva, como nós queremos nos esconder debaixo de uma marquise ou debaixo de um bom guarda-chuva para não nos molharmos ou quem sabe nos esconder de nós mesmos. E quando acontece de pisarmos em uma poça d´água, como é difícil entender o que Deus queria com tudo aquilo. Mas o mais bonito é quando os avisos prévios vem com previsão de sol. E sol lembra calor. Será que estamos preparados para ter calor um com o outro? Estabelecermos contratos de amor, de respeito, de educação, de carinho, compreensão? Contratos de luz? Vinicius de Moraes diz em seu poema que: “O sol, ao véu transparente da chuva de ouro e de prata, resplandece resplendente

no céu, no chão, na cascata...” Nem tudo sempre vamos ter uma resposta, e poesia de repente possa explicar o que realmente significam tantos contratos em nossa vida, mas que nunca vão mudar nada, porque a poesia é um contrato de palavras monótonas, mas profundas.

Existem tantas cartas e contratos de referência, em que queremos ser sempre o centro da atenção, porque nos apegamos a idéia de que para aparecer é preciso demonstrar que é forte. E geralmente referência tem influência na sociedade, em livros, em grupos, em movimentos, em nosso município, em nosso país, e até mesmo no pequeno bairro onde habitamos. A referência nos mostra um caminho depois daquele que estamos, ou algum perto para nos localizarmos, porque se nos perdermos temos a referência que nos mostrará que estamos seguindo na direção certa. Quem nunca perguntou o nome de uma rua e não pediu uma referência? Pois te digo, a melhor referência é Deus, e Ele sabe onde é o nosso lugar.

Contratos de alienação, onde ficamos tentando entender o que aconteceu. Contratos de regime especial, para levarmos o que temos de melhor aos outros, ou quem sabe de pior.

Então chega um dia que temos que decidir pelo Contrato da experiência.

A experiência é a melhor amiga da vida. E tudo passa agora a fazer sentido sobre o que venha significar um contrato em nossas vidas.

Quando se realiza um contrato, ambos os sócios ou proprietários podem desistir de assinar. Sendo que um contrato alguém pode amassar, ou até mesmo jogar fora. Um contrato pode ser falsificado e até mesmo alterado. Um contrato pode ser o ponto de partida, ou uma negociação encerrada.

Não devemos estabelecer uma vida de contratos com as pessoas. O ser que é humano tem sentimentos, e da mesma forma que você decidir ser proprietário de alguém ou querer fazer com que alguém seja seu proprietário, podemos nos perder em cárceres.

Toda cadeia é limitada e obscura. Quando se faz um contrato, na realidade há um acordo entre você e alguém. Você fica preso ao contrato, e se houver algum problema não se pode romper mais o que já foi decidido até o prazo que foi estabelecido entre vocês este acordo, porque o outro tem a sua assinatura e seus documentos, sabe de onde você veio e quem você é. E então vem o perigo, porque já não é mais você que comanda a sua vida, mas o outro que te encarcerou por aquilo que você concordou em ser, e sua vida virou um contrato, e a experiência não existe mais entre vocês.

Não devemos por isso estabelecer contratos com ninguém, porque temos que ter uma relação de liberdade. Não devemos prender o outro, dizer quem ele é, como deve agir, porque a vida não é um contrato, a vida não é ter proprietários e nem sermos proprietários de ninguém, isso cabe a Deus.

Dizem que um amigo é capaz de te destruir em apenas um segundo, e o inimigo nunca poderá fazer isso conosco, porque o amigo sabe quem você é, e um inimigo nunca saberá realmente a pessoa que existe dentro de você, apenas superficialmente. E contratos são superficiais, mas ao mesmo tempo muito profundos. Quantos contratos fazemos com as pessoas, roubando delas as qualidades e as virtudes, deixando-as mais passivas e rancorosas, porque as magoamos em muitos momentos de nossas vidas com contratos.

E devemos estabelecer pontes, estabelecer relações de liberdade, de amor, de respeito e caridade. Estabelecer relações de palavras amorosas, de doces gestos e boas atitudes para que não nos desviem os pensamentos para virar um contrato entre uma relação.

Deixemos o amor de Deus entrar em nós para sabermos amar de forma desprendida, de forma respeitosa. Deixemos Deus amar em nós e por nós. Apenas o amor saberá romper todos os contratos que já fizemos em nossas vidas. Tenhamos coragem para ser quem somos e manifestar a alegria em nosso coração para viver uma vida entre irmãos com dignidade e fraternidade.

Deus te abençoe!

Roberta Mendes de Araújo
Enviado por Roberta Mendes de Araújo em 27/11/2009
Reeditado em 27/11/2009
Código do texto: T1946480
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.