Relatório da Visita Técnica Realizada no Bioparque Amazônia Crocodilo Safári
No dia 14/11/2009 a turma do curso de Turismo da Faculdade de Belém – FABEL, juntamente, com a Professora Luciana Mendes que ministra a disciplina Segmentação turística, visitou o Bioparque Amazônia Crocodilo Safári, localizado a poucos minutos de Belém, em um bairro afastado, chamado de Tenoné, para situar futuros visitantes, o parque se localiza em Belém Estado do Pará.
O Bioparque é uma propriedade privada do Sr Jorge Arão Monteiro, médico aposentado, 68 anos, e sua esposa, a Sra Tereza de Jesus Rocha, para o funcionamento do parque os senhores proprietários não contam com incentivos do governo e nem de nenhuma instituição, nem parcerias. Todos os esforços financeiros são produtos de muita garra e disposição por amor ao ambiente e às riquezas arqueológicas de fauna, flora e fauna viva existentes no local.
Ao chegar ao Bioparque o grupo de acadêmicos encontrou o Sr Maranhão, que trabalha no local há 18 anos, porém está na região (no bairro) há 25 anos e este forneceu de maneira carismática e alegre todas as informações que o grupo precisava obter para adquirir conhecimentos a respeito da biodiversidade ecológica e faunística existente no Bioparque.
O parque funciona para visitantes, somente há três anos, toda espécie faunística do parque é de origem brasileira, não há nenhuma forma de sinalização das espécies de flora porque o Sr Maranhão não necessita das placas informativas para identificar as espécies, tem conhecimentos amplos na área de botânica, mesmo não possuindo grau de instrução elevado.
As primeiras instruções que os acadêmicos receberam do Sr Maranhão foi dentro do Museu da Ciência que funciona integrado ao Bioparque, este pequeno museu abriga Fósseis de diversificada fauna da região Amazônica, onde se podem observar cascos de quelônios em variados tamanhos, ouriços de determinadas espécies vegetais da região, a exemplo, o ouriço da castanha do Pará, ouriços de sapucaia e a uxirana, que não é comestível, entretanto, afirma-se que é uma mistura de uxi com cajarana, mata-mata e outras, todas são espécies da região amazônica.
Ao adentrar na sala de caracóis e conchas do mar, percebe-se que este recanto é de grande valor para a família do Sr Jorge, proprietário do local, o conteúdo desta sala está avaliado em 350.000 dólares, são caracóis caríssimos brasileiros e, principalmente, estrangeiros, são relíquias naturais de grande relevância para a família do Sr Jorge.
Cinco famílias moram no parque, que possui 14 funcionários ocupando cargos de administração, manutenção de viveiros e botânicos, além outros com atividades diferenciadas. Estes mesmos moradores fazem a segurança do parque, juntamente com a polícia, entretanto, o Sr Maranhão relatou que problema de perseguição em uma área tão grande como esta é, praticamente, zero.
Ainda na área do Museu da Ciência, encontramos uma sala com ossos de baleia, coleção de insetos, fósseificados, vitrine de corais, fósseis arqueológicos, é possível ver um osso gigante não identificado, que poderá ser do bicho preguiça (Xenarthra) ou dinossauro, é possível verificar também no valioso recinto um tronco de árvore fóssil que fora encontrado durante escavações ainda integro.
Ao sair do Museu da Ciência, a visita ao Bioparque prossegue e o Sr Maranhão mostra o Lago da Ariranha, o Lago do Jacaré – Açu, neste lago há um casal de jacarés, que ao chegar visitantes, o Sr Maranhão oferece um frango com penas para a fêmea que se arrasta vagarosamente, até a margem do lago atraída pelo olfato do petisco.
Entretanto ela não estava com fome, pesa aproximadamente 400 kg e possui 4metros, a impressão que se teve foi de que este animal está obeso, o macho que possui 4,5 metros, estava neste lago não apareceu, o Sr Maranhão explicou que este casal de jacarés não iria procriar porque o macho não havia escolhido a fêmea e vice - versa fato considerado peculiar em se tratando de mundo animal.
Este lago é de águas paradas que no verão por causa da escassez das chuvas secam um pouco, para, posteriormente, no inverno encher um pouco mais. No Bioparque há outro lago de jacarés com mais de 600 espécies, fala-se num total de 1.200 jacarés em todo o Bioparque.
O Lago do Cisne, no Bioparque abriga grande beleza cênica, local de repouso de Marrecas, Iguanas e outras aves, ambiente de rara beleza paisagística, local maravilhoso para fotos em família, amigos ou casais, perto deste se encontra uma área de botânica, que é a paixão do Sr Maranhão, que cuida da diversidade da flora com muito carinho.
Na área de botânica observa-se um portal feito de ferro, escrito “FÁBRICA PALMEIRA”, conta a historia que esta grade de ferro fora de uso da antiga Fábrica Palmeira, uma grande panificadora, localizada na área comercial de Belém há muitos anos atrás. Há uma pequena placa indicando nesta área de botânica a existência de “fecundas sementes de todos os jardins”, porque neste local encontram-se diversificadas espécies de fauna oriundas de várias localidades, inclusive estrangeiras, além do mais o Sr Maranhão explicou que este espaço de botânica serve para fazer o replantio de madeiras de lei do tipo cedro, macacaúba e outras. Algumas espécies como flores de Angola, plantas do Chile, Avencas, Trepadeira Roxa, Gengibre Magnífica, Maria sem vergonha, a planta Bastão do Imperador (Rosa Porcelana) e outras plantas brasileiras também são encontradas no espaço.
O parque que possui 83.000 hectares de terras apresenta uma área de visitação e outra de reprodução de espécies, os animais são alimentados com ração, milharina e frutas, uma alimentação balanceada, a variedade de animais é muito grande pode-se notar jabutis, tucanos, araras vermelhas e azuis, esta em extinção, o papagaio Anaçã, ave de coloração diferente dos papagaios comuns, reproduziu-se em cativeiro, possui uma coloração verde escura com pigmentos preto e azul, ave de rara beleza.
A variedade de fauna não pára por aí no Bioparque, é possível ver uma espécie de gavião ainda não identificada por especialistas da área, o Biotério, é o espaço de criação de ratos para servir de alimentos a determinados animais, uma área de quarentena, aonde animais que chegam ao parque com doenças ficam em observação a fim de que se recuperem, no serpentário é possível ver várias espécies de serpentes, como por exemplo, a Periquitambóia e a Sucuri.
Sr Maranhão relatou aos acadêmicos que todos os animais do parque são registrados no IBAMA, animais maltratados e apreendidos, bichos que sofrem alguma espécie de processo crítico são levados para o parque e quem quiser fazer algum tipo de doação vai direto ao IBAMA, sendo tudo documentado e legalizado, esta instituição fica com uma guia do documento e o Bioparque fica com outra.
O Sr Maranhão explicou que a serpente enquanto possui 8m é chamada de Sucuri, passando disso já é Anaconda, explanou também ao segurar um Jacaré – tinga de quatro anos de idade, 70 cm, que este em cativeiro tem o seu crescimento diminuído em 30%, pois, se estivesse em áreas naturais livres, estaria com um metro.
O Dr Jorge, proprietário do parque, contou que este seu trabalho é uma grande luta, porque não existe turismo no Estado do Pará, não há parcerias, o parque não recebe incentivo de ninguém, a acessibilidade ao Bioparque depois de sair da Rodovia Augusto Monte Negro e entrar no ramal que leva ao mesmo é difícil, não existe sinalização indicativa, o que existe pouco se considera, por ser de péssima qualidade, sem comentar a falta de segurança que poderá coibir o possível potencial visitante freqüentar a área.
Ainda relacionado à fauna encontram-se no parque Antas, Quatis, Tamanduás Bandeira, Jacurarú, Caetetu (porco do mato), Macaco da Noite, Macaco Prego, Macaco Aranha, Jacaré Tinga preto e laranja, Jacaré Coroa.
Ao finalizar o a rota traçada pelo Sr Maranhão para os acadêmicos, chega-se a um local de rara beleza cênica com o fundo da paisagem sendo contemplado pelo rio Maguari que vem de Icoaracy, passando pelo bairro do 40 horas, Curuçambá e outros, sendo estes bairros afastados do Centro, neste local há a presença de uma lanchonete que comercializa somente bebidas, águas e refrigerantes, não há venda de comida no local.