Entendimento fraterno
Frequentemente, nos serviços de atendimento fraterno, pessoas que se dizem amarguradas, doentes, infelizes, em virtude de problemas familiares, profissionais, existenciais, em permanentes conflitos.
Uma senhora com problemas de saúde. Foram mobilizados os recursos do Centro, em seu benefício, envolvendo passes, água fluídica, vibrações, reuniões públicas, sessões de desobsessão.
Recomendado, ainda leituras edificantes, com base nos princípios espíritas, oração, reflexão...
Nada deu resultado.
Numa das reuniões, onde seu nome era lembrado para o trabalho de vibrações, um mentor espiritual explicou que o problema não seria solucionado enquanto ela não perdoasse o esposo.
A infeliz senhora chorou muito e confessou que a informação estava correta.
Guardava grande mágoa do marido, que não a tratava com a devida consideração e se envolvera tempos atrás, numa aventura extraconjugal.
Com seis filhos ainda adolescentes, vivia na inteira dependência dele, mas não perdoava, embora reconhecendo que era ótimo pai e não deixava faltar nada a família.
O rancor inibia suas orações e neutralizava os recursos espirituais mobilizados em seu benefício.
Explicado que o perdão não era nenhum favor ao companheiro. Apenas o indispensável para que se equilibrasse.
Infelizmente, ¨amigas¨ desavisadas, mais amigas das fofocas, a perturbavam com a idéia de que estava certa em sua postura rancorosa.
Certamente nunca leram ou não entenderam uma observação de Jesus (Mateus, 5:20)
Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos Céus.
A justiça dos escribas e fariseus é a do olho por olho dente por dente, instituída por Moisés, que manda revidarmos ao mal que nos façam.
A proposta de Jesus transcende essa Justiça torta.
É a justiça de quem enxerga no ofensor, alguém que adoeceu espiritualmente e precisa de ajuda.
Lembrando um problema atual, se alguém contrai a Dengue, a família desdobra-se em cuidados e preocupações.
Se saudável, ele comete um erro, ou mostra-se impertinente, os familiares logo erguem uma barreira de ressentimento, conturbando a vida no lar.
Em última instância, a justiça que transcende a dos fariseus é exercitada com a compreensão de cada qual está num estágio de evolução.
Não podemos exigir das pessoas mais do que podem dar.
E o exercício do perdão, em qualquer relacionamento, jamais será um favor feito a alguem, mas o mínimo indispensável em nosso próprio benefício.
Se desejamos conservar a integridade espiritual e um ambiente harmônico, onde estivermos, é preciso desarmar o espírito, lembrando com Mahatma Ghandi, o grande líder espiritual indiano:
Não há caminho para a paz,
A Paz é o caminho.
Trecho tirado do Anuário Espírita 2009 - Dr. Bezerra de Menezes