SÃO PAULO MATA A GENTE

Muita gente já sentiu a indiferença na pele.

Ou porque era pobre, ou porque era de outra cor, ou porque era analfabeto, ou porque tinha um subemprego, ou porque era um pária social ou sei lá porque mais quantos porquês ainda poderia escrever.

São Paulo mata a gente na capital e no interior, se não é nas estradas e na bala mesmo! Mas tem outras formas de São Paulo matar a gente - a terra promissora e do progresso- mata a gente: é iguinorando.

Moro há quatro anos neste estado e ainda assim sou considerado forasteiro. Também sinto que estou fora de lugar, mas São Paulo isola a gente aqui dentro, não deixa a gente sair, esfola os nordestinos, cearences, baianos, paranaenses e catarinenses em cada gota de suor; e não se consegue nada.

Estou aqui há quatro anos e ainda não consegui emprego, tentei de tudo, desde usar meu currículo de excelente nível, até procurar emprego de frentista de posto de gasolina, repositor de supermercado (área que que sou "doutor"), vendedor de loja e chapa de carregamento de caminhão.

São Paulo mata a gente!

Tive iniciativas próprias que não frutificaram, não adiantou nem me aproximar "dos caras do governo" eu continuava sendo um pária, um extrangeiro dentro da minha pátria, no estado onde um dia chegamos a cavalo e apeamos na praça.

Ninguém liga para o que se sabe, o que se domina, o que se pode ensinar, o que se sabe fazer; São Paulo mata a gente.

Não sei quanto tempo vou aguentar, tá difícil segurar este touro a unha.

Mas uma coisa eu sei; São paulo mata a gente. E se não matar...a gente se mata!

Carlos Evandro Corezola
Enviado por Carlos Evandro Corezola em 20/10/2009
Código do texto: T1876435
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