Ecologia do Recanto
Escrevi outro dia um texto provocativo que denominei de “Mitos infantis: A vagina denteada”. Publiquei como Redação, uma vez que tal espaço é abrangente e recebe muitas contribuições heterogêneas, obtendo um número de leituras maior do que ensaios, por exemplo, que os eventuais leitores parecem evitar, talvez por achar que os ensaios são pretensiosos.
Minha principal motivação era fazer mesmo uma provocação, uma espécie de protesto pelo pequeno número de leituras que obtenho. Assim, um título chamativo poderia atrair leitores.
De fato, obtive, no primeiro dia um número maior de leitores do que o que usualmente obtenho, cerca de 21 leitores. Depois as leituras sumiram.
Não houve comentários, exceto por uma autora que se que habitualmente publica nas Redações, e que se manifestou, talvez, para demarcar o seu território de domínio. Sim, pois na ecologia do Recanto das Letras, os autores escolhem os seus nichos e ali dominam.
Há, assim, o grupo que domina os Sonetos, E é muito difícil penetrar ali. Os poetrix, também, tem o seu grupo dominante. As Crônicas são possessões de alguns. Quem é de fora pode obter um sucesso passageiro, mas depois é colocado no limbo.
E assim foi. O estranho é que há uma referência passageira a Freud na redação que publiquei, e o comentário feito foi exatamente esse: “Freud é gay enrustido”. Bem, fiquei feliz pois ela não disse que eu é que seria o enrustido em questão. Mas Freud, coitado, nunca poderia sê-lo.
Lembro que Dr. Freud foi o primeiro a mostrar que os Dons Juans da vida, grandes comedores, é que teriam um componente forte de homossexualismo latente (latejante, para alguns).
Acho que “gay enrustido” seria um homossexual que finge que é homem, uma espécie de ‘Aroldo, o heterro”, personagem do Chico Anysio. E o que tem Freud com isso? Acho que nada, pois a expressão foi criada pelo pessoal do Pasquim, onde o ratinho Zig (Zigmund Freud) era personagem, o Mickey brasileiro.
Assim, aceito a observação da colega no comentário como manifestação de que me aceita nesse espaço democrático das redações, que sente a falta eventual de alguns outros participantes.